HIPOGONADISMO INDUZIDO POR OPIOIDES
Os opioides são medicamentos prescritos para uma ampla variedade de condições e também podem causar diversos efeitos colaterais. A deficiência androgênica induzida por opioides (OPIAD) foi descrita em 1973 a partir da observação de indivíduos que apresentavam disfunção sexual, queda de libido e níveis baixos de hormônios sexuais. O mecanismo fisiopatológico ocorre de forma multifatorial. No sistema nervoso central, os opioides ligam-se aos receptores mu presentes no hipotálamo, inibindo tanto a produção quanto a liberação do GnRH e, por consequência, reduzindos os níves de LH e FSH secretados pela hipófise anterior, resultando em um hipogonadismo hipogonadotrófico. Além de afetar o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, os opiáceos também interferem na função adrenocortical, diminuido a sensibilidade ao CRH e inibido diretamente a produção adrenal de DHEA. O uso crônico dessas substâncias também pode elevar a prolactina sérica e o TSH, reduzir o GH e o ACTH, e inibir ereções. Nos testículos pode ocorrer a inibição direta a produção de testosterona, astenozoospermia e oligospermia
O hipogonadismo pode afetar até 90% dos pacientes em uso de opioides, podendo acontecer dias ou até horas após o uso dos medicamentos. A interrupção do uso geralmente permite o retorno dos níveis de testosterona em até 72 horas, porém o hipogonadismo pode ser persistente por anos, a depender da cronicidade do uso.
Não há guidelines específicos para manejo do OPIAD. O diagnóstico é semelhante ao da deficiência androgênica do envelhecimento masculino (DAEM), baseado nos níveis de testosterona livre, total e SHBG, associados ao uso crônico de opioides. Embora não haja consenso atual, seu tratamento inclui terapia de reposição de testosterona (TRT), ou citrato de clomifeno para homens com preocupações quanto a fertilidade. Além disso, dieta e exercícios, associados a substituição dos opioides por outras drogas também fazem parte da terapêutica quando possível.
HIPOGONADISMO;TESTOSTERONA;OPIOIDES
Disfunção Sexual
UNESP - São Paulo - Brasil
Bruno Bertoni Ferraz, José Carlos Trindade Filho, Matheus Almeida Sperini, Felipe Do Carmo Moura, Luis Felipe Betti Casagrande, Rafael Nakamura Atolino, Pedro Ivo Roccheti Pajolli