COMO COMPLICAM AS NEFRECTOMIAS RADICAIS? ANALISE DA CASUISTICA DE UM CENTRO DE REFERENCIA EM URO-ONCOLOGIA
Introdução: O principal tratamento para a maior parte dos tumores renais é cirúrgico, independente se o caráter da neoplasia seja benigna ou maligna. Dependendo do estadiamento e da localização tumoral, pode-se optar pela realização da nefrectomia radical ou parcial. Historicamente, a nefrectomia radical foi considerada padrão-ouro no tratamento de neoplasias renais. As complicações mais comumente relacionadas a este procedimento, quando ocorrem, são a necessidade de hemotransfusão durante ou após o procedimento, infecção na ferida operatória, diminuição temporária da função renal, e embolia pulmonar.
Objetivos: O presente estudo visa relatar e estratificar as complicações operatórias, de acordo com o sistema de classificação de Clavien-Dindo, decorrentes de nefrectomias radicais realizadas em um setor de Uro-oncologia dentro de um serviço de atendimento terciário na região Oeste de Santa Catarina.
Materiais e Métodos: Estudo observacional descritivo com delineamento transversal baseado na análise dos prontuários do centro de referência para tratamento oncológico do Hospital Regional do Oeste (HRO) em Chapecó – SC no período de 2013 a 2018.
Resultados: Foram realizadas 50 nefrectomias radicais durante os 5 anos de estudo, sendo que 4% foram diagnosticados com lesões benignas enquanto 96% com lesões malignas. Ao analisar clinicamente a amostra, 60% dos pacientes eram do sexo masculino e a média de idade foi 61,7 anos. A técnica cirúrgica mais empregada foi a aberta (94%) e 12% demandaram hemotransfusão perioperatória. No que se diz respeito às complicações decorrentes do procedimento, apenas 8% das nefrectomias apresentaram complicações significativas de acordo com Clavien-Dindo, sendo que destas, um dos pacientes evoluiu com retenção urinária e cistostomia (grau IIIb), houve uma insuficiência renal aguda hemodinâminca com diálise subsequente e uma fístula pancreática com internamento em unidade de terapia intensiva (grau IV). A complicação mais frequente foi a dor em ferida operatória (Clavien I) e a mais grave foi uma embolia pulmonar que evolui com o óbito do paciente (grau V).
Conclusões: A nefrectomia radical perdura atualmente como opção terapêutica com intuito curativo no manejo de carcinoma de células renais. Pode-se inferir que a segurança desta técnica é corroborada pelas raras complicações apresentadas na casuística e, quando ocorrem, costumeiramente são de baixa gravidade (Clavien-Dindo graus I e II).
Clavien-Dindo, Nefrectomia Radical, Uro-Oncologia
Uro-oncologia
Serviço de Uro-Oncologia HRO/Chapecó - Santa Catarina - Brasil, Unochapecó - Santa Catarina - Brasil
Marcelo Zeni, Julia Carminatti, Débora Giacomin, Bruno Vinicius Duarte Neves, Eduardo Felippe Melchioretto