AVALIAÇAO DO IMPACTO EM CESSAR O TABAGISMO NO GRAU TUMORAL, ESTADIMENTO LOCAL E INDICE DE RECIDIVA TUMORAL DE CARCINOMAS UROTELIAS DE BEXIGA. ESTUDO PILOTO.
Introdução: O câncer vesical é a 9ª neoplasia mais comum no mundo. [1] No Brasil, são estimados, para 2019, 6690 casos novos em homens e 2790 em mulheres. [2] O tabagismo é o principal fator de risco, aumentando de 2 a 6 vezes o risco de acometimento por essa neoplasia em comparação aos não tabagistas. [3] No entanto, o impacto de cessar o tabagismo nos desfechos de pacientes com câncer de bexiga é pouco investigado. [4]
Objetivos: Identificar se pacientes que cessaram o tabagismo há mais de dez anos apresentam menores grau tumoral, estádio T e índices de recidiva.
Métodos: Análise retrospectiva de 100 pacientes submetidos a Ressecção Transuretral (RTU-V) e Cistectomias, por carcinoma urotelial no período de setembro/17 a abril/19. Variáveis demográficas (idade, sexo, etnia); relativas ao tumor (estadio T, grau tumoral e ocorrência de recidiva); e relativas ao tabagismo (carga tabágica, tempo de interrupção do tabagismo), foram anotadas. Os pacientes foram divididos em 4 grupos: não tabagistas, tabagistas ativos, cessaram tabagismo > 10 anos e cessaram < 10 anos. A análise univariada foi feita através de testes de correlação Spearm-Rho e teste χ2, com significância de 0,05. A análise multivariada foi feita por Regressão Logística Multimodal, com o grau tumoral, estádio T e recidiva assumidas como variáveis dependentes.
Resultados: Incluídos 100 pacientes, submetidos a RTU-V (92%) ou Cistectomia (8%); idade média de 71 ± 10 anos; relação mulheres/homens de 32/68; sendo 90% brancos e 10% negros. 75 pacientes têm histórico de tabagismo, sendo que 49 (65%) cessaram antes da cirurgia. Destes, 37 (75%) pararam de fumar há mais de 10 anos. Foram diagnosticados, 79 tumores de alto grau e 21 de baixo grau, sendo pTa (44), pT1 (43), pT2 (11), pT3b (1) e pT4a (1). Não houve diferença estatística entre os grupos quando comparadas em relação ao grau tumoral, estádio T e índice de recidiva. A análise multivariada identificou a influência da interrupção do tabagismo apenas no estádio T (significância na frequência de doença músculo invasiva), sem influência no grau tumoral e índice de recidiva.
Conclusões: O tabagismo é um fator de risco importante, presente em 75% dos últimos 100 pacientes operados no nosso serviço. Nossos achados sugerem que a interrupção do tabagismo pode estar relacionada apenas com a progressão da doença. Para corroborar este achados, faz-se necessário um estudo com número maior de pacientes e com avaliação do impacto do tabagismo passivo.
tabagismo; carcinoma; urotelial; bexiga
Uro-oncologia
HCFMRP-USP - São Paulo - Brasil
Pedro Lugarinho Menezes, Antonio Antunes Rodrigues Jr, Rafael Neuppmann Feres, Thiago Henrique Caetano da Silva, André Antônio Batista, Thadeu Baraldi Ferreira, Sergio Franca de Souza Filho, Wanderson Pereira de Andrade, Heitor Ramos Ruellas, Rodolfo Borges dos Reis