Dados do Trabalho

Título

TENDÊNCIA TEMPORAL DO CÂNCER DE PRÓSTATA E SEUS POTENCIAIS FATORES DE RISCO ENTRE 1990 E 2019 NA AMÉRICA DO SUL

Resumo

Introdução: O câncer de próstata (CaP) é o terceiro câncer mais prevalente na América Latina. Emerge como a principal causa de óbito decorrente de câncer em países como Equador, Chile e Venezuela. Logo, evidencia-se a importância de identificar potenciais fatores de risco, para, assim, desenvolver estratégias de prevenção. O estudo teve como objetivo analisar a tendência temporal do câncer de próstata e seus potenciais fatores de risco na América do Sul (AS). Metodologia científica: Estudo de séries temporais com dados do Institute of Health Metrics and Evaluation (IHME) e do Our World in Data (OWID). A incidência e a mortalidade ajustadas por idade foram obtidas do IHME, enquanto dados relacionados a possíveis fatores de risco foram obtidos do OWID. Incluiu-se dados de indivíduos diagnosticados com CaP ou que vieram a óbito por CaP entre 1990 e 2019. Calculou-se a Variação Percentual Anual Média (VPAM) e a tendência por regressão Joinpoint, podendo ser crescente, decrescente ou estacionária. Correlacionou-se os coeficientes com os possíveis fatores de riscos através da correlação de Spearman (ρ), visto que os dados não eram normais. Os fatores avaliados foram: prevalência de obesidade, consumo de leite, consumo de ovos, consumo de carne, uso de fertilizantes, uso de pesticidas e índice de desenvolvimento humano (IDH). As análises foram conduzidas no software R v.4.3.0, com p < 0,05 em todas análises. Resultados: Paraguai (2,8% e 1,3%) e Venezuela (2,7% e 1,2%) possuem as maiores VPMA na incidência e na mortalidade. No Brasil, é de 1,4% na incidência e de -0,2% na mortalidade. Todos os países têm tendência crescente na incidência, apenas Brasil (-0,2%) e Colômbia (-1,4%) possuem tendência decrescente na mortalidade. Argentina (0%), Peru (0%) e Uruguai (0,1%) têm tendências estacionárias. Não houve associação forte com os fatores, e apenas três foram moderadas: obesidade (ρ = 0,55; p < 0,001) e IDH (ρ = 0,40; p < 0,001) com a incidência; e com a mortalidade, apenas o consumo de ovo (ρ = -0,35; p < 0,001). Conclusão: A tendência da incidência do CaP é crescente na AS e apenas dois países possuem tendência decrescente na mortalidade. Além disso, obesidade e o IDH parecem ter uma influência significativa na incidência do CaP, enquanto o consumo de ovo parece influenciar sua mortalidade em comparação com outros fatores. Porém, outras variáveis não abordadas neste estudo podem contribuir para a doença, sendo essencial antes de afirmar qualquer relação causal.