Dados do Trabalho
Título
SUBNOTIFICAÇAO DO CANCER DE PROSTATA EM MULHERES TRANSGENEROS SOB USO DE HORMONIOTERAPIA: UMA ABORDAGEM NARRATIVA
Resumo
INTRODUÇÃO: Indivíduos transexuais correspondem entre 0,3 e 0,5% da população mundial. Transexualidade é quando a identidade de gênero não se alinha com o sexo biológico do indivíduo. As mulheres transexuais podem realizar diferentes procedimentos para construir suas identidades físicas e psicológicas, dentre eles, a hormonioterapia e a cirurgia de redesignação sexual. Esta revisão busca conhecer a incidência de câncer de próstata em mulheres trans e identificar fatores agravantes e atenuantes no desenvolvimento da neoplasia nessa população. METODOLOGIA: Realizou-se revisão narrativa da literatura com buscas na base de dados PubMed. Foram cruzados com o operador booleano and os descritores ”prostate cancer” e “transgender”. Os critérios de inclusão foram: artigos publicados em inglês, entre os anos de 2013 a 2024 e disponíveis na íntegra. Como critério de exclusão considerou-se a não pertinência ao tema. Encontrou-se 23 publicações e dessas, 14 foram utilizadas.RESULTADOS: A incidência de câncer de próstata em mulheres trans com orquiectomia e uso de estrógenos é em torno de 0,04%, cinco vezes menor que nos homens cis. Considera-se que possa ser subestimado, pelos estudos se limitarem a acompanhamentos de curto prazo e também pelos sujeitos possuírem idade menos avançada, em relação à faixa onde a neoplasia é mais prevalente. Apesar do uso da terapia antiandrogênica ser capaz de diminuir a progressão do câncer prostático nas mulheres trans, essa pode promover amplificações e mutações de receptores de androgênios, que podem levar a tumores mais agressivos como metástase resistente à castração. Ademais, o estrogênio pode contribuir com a carcinogênese devido às mudanças no eixo de sinalização do receptor de estrogênio, sendo esse expresso no tumor. Considera-se que fatores psicossociais possam dificultar o acesso das mulheres trans aos serviços de saúde devido a abordagens no atendimento, culminando em diagnóstico tardio da neoplasia. CONCLUSÃO: Discussões sobre o risco de câncer de próstata em mulheres trans em hormonioterapia permanecem controversas. Existem evidências de que o risco nessa população é menor do que em homens cis, mas existem fatores que favorecem o desenvolvimento de câncer mais agressivo e em estágios avançados. Acredita-se que estudos longitudinais com maior tempo de seguimento e estudos sobre a correlação entre fatores biológicos e psicossociais devam trazer melhor compreensão sobre o comportamento dessa neoplasia nessa população
Área
Câncer de Próstata Metastático
Instituições
Universidade Federal de Ouro Preto - Minas Gerais - Brasil
Autores
SAMUEL MACHADO DA SILVA, BEATRIZ NAYARA MORAES FARIA, MANUELA MELO OTTONI SANTIAGO, CARLOS EDUARDO FILIZZOLA BRANT MORAES, GUSTAVO MEIRELLES RIBEIRO