Dados do Trabalho
Título
USO DE CIGARRO ELETRONICO E CA DE BEXIGA: FATO OU FAKE ?
Resumo
O cigarro tradicional sofreu restrições comerciais, motivando desuso entre jovens e passando a ser mal visto socialmente. O advento do cigarro eletrônico (E- cigarretes ou vape), divulgado como produto menos lesivo e mais socialmente aceitável que sua variante tradicional, provocou o aumento do consumo entre jovens dos EUA em 900% entre 2011 e 2015. O uso do vape aumenta as chances de evolução para tabagismo, o qual aumenta em 3x o risco de desenvolvimento de câncer de bexiga tanto para os músculo invasivos quanto para os não músculo invasivos. O presente estudo objetiva identificar a correlação do vape como fator indutor/promotor desse câncer.
A presente revisão de literatura, realizada em março de 2023, utilizou as bases de dados MEDLINE, Cochrane, LILACS e Scielo. Buscou-se artigos dos últimos 5 anos na língua inglesa, utilizando a chave [“Electronic Cigarettes” AND Bladder cancer], retornando 9 textos. Foram selecionados os 5 artigos focados na presente temática que continham informações relevantes para a revisão..
Apesar de haver sólida correlação entre o carcinoma urotelial e cigarro, a maioria dos estudos acerca do vape ainda são pré-clínicos e a composição química do mesmo muda conforme variação de marcas e sabores, dificultando a análise padronizada. Um estudo em animais apontou que camundongos expostos ao vapor, desenvolveram hiperplasia urotelial vesical, ressaltando potencial carcinogênico. Outro demonstra o impacto dos componentes “e-liquids” na excreção de vesículas em células uroteliais expostas, fator relevante na progressão e recorrência do carcinoma urotelial. Uma análise da urina dos pacientes usuários de vapes foi realizada, encontrando-se carcinógenos uroteliais conhecidos: pireno, naftaleno, tolueno, fenantreno, o-toluidina e 2-naftilamina. Entretanto, não é esclarecido se os níveis de exposição são suficientes para induzir carcinogênese humana, um artigo foi excluído, por ser uma opinião de especialista, sem trazer métodos, uma revisão sistemática, aponta os danos genômicos causados pelo vapor em diversos sistemas. Embora os estudos pré-clínicos já indiquem que o uso acarreta riscos, a literatura é escassa acerca da temática, estando os estudos mais robustos restritos ao âmbito cardiopulmonar. É necessária a realização de ensaios clínicos e coortes com rigor científico para avaliação à longo prazo dos efeitos do cigarro eletrônico na gênese do câncer de bexiga.
Área
Câncer de bexiga
Instituições
INSTITUTO DO CANCER DO CEARÁ - Ceará - Brasil, UNIFOR - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - Ceará - Brasil
Autores
JOSÉ MARCONI TAVARES, MARCOS TÚLIO MONTEIRO TAVARES, FELIPE ALBUQUERQUE COLARES, YURI MARQUES TEIXEIRA MATOS, GABRIEL LIMA ABREU, LINCOLN MEDERIOS DANTAS DE AGUIAR, NICOLAS ANDRADE MOREIRA, ISABELA FRANCO FREIRE, IANA VITÓRIA ARAÚJO MARQUES, JOÃO PEDRO TARGINO SILVA