Dados do Trabalho


Título

Avaliação do arsenal cirúrgico de um CME com base nos pesos e no número de itens por especialidade médica

Introdução

Compete ao Centro de Material e Esterilização (CME) a manutenção de um arsenal cirúrgico compatível com a estrutura da instituição, composto por diversas caixas ou kits cirúrgicos que contém instrumentais variados e específicos para atender a demanda das especialidades. O desafio de manter um arsenal seguro e eficaz se torna maior em hospitais gerais pelas diversas especialidades que realizam procedimentos muito diferentes.
É importante para o CME conhecer seu arsenal para poder traçar estratégias de ação e, o peso do instrumental cirúrgico, bem como a formação dos Kits/caixas é essencial para o embasamento dos Procedimentos Operacionais Padrão (POP), porque impactam diretamente os processos de esterilização, bem como a segurança da embalagem, transporte e a saúde ocupacional dos trabalhadores.

Objetivo

Identificar a composição de arsenal cirúrgico de um CME de hospital de ensino por meio da análise do número de ítens e seus respectivos pesos.

Método

Trata-se de um estudo descritivo realizado no CME de um Hospital de Ensino de grande porte do interior de São Paulo, cujos dados foram coletados em setembro de 2022. Atualmente este CME tem uma produção média de 30000 Kits/caixas por mês, atendendo 1200 cirurgias/mês e um hospital de 400 leitos.
Foram pesadas em balança convencional, todas as caixas/Kits Cirúrgicos presentes no CME e registrados em Google Planilha® junto ao inventário realizado anualmente na unidade e posteriormente, repassados para o sistema de produção do CME. Depois, os dados foram organizados por especialidade médica e os resultados foram analisados por estatística descritiva.

Discussão e Conclusões

O arsenal cirúrgico foi subdividido em 13 especialidades médicas: Transplante hepático, Plástica, Urologia, Neurologia, Gastro, Procto, Otorrinolaringologia/Cabeça e pescoço, Videocirurgia, Ortopedia, Pediatria, Tórax, Vascular e Cardiologia. Foram identificados 884 kits/caixas cirúrgicas com um total de 22642 itens. O peso médio dos Kits foi de 1.676g, com o máximo de 14.375g (caixa de afastador para cirurgia de obesidade) e mínimo de 22 g.
A ortopedia apresenta a maior quantidade de Kits, com 284 caixas contendo 8812 itens e peso total de 3.633.435g de instrumental cirúrgico estéril. Na sequência, a Otorrinolaringologia/Cabeça e pescoço com 102 kits, 2417 itens e 180.620 g de instrumental. As especialidades com menor número de Kits foram Cirurgia Torácica, Cirurgia Pediátrica e Materiais de Videocirurgia gerais com 12, 22 e 33 kits respectivamente, pesando 17.292 g, 2.975 g e 45.084 g.
De todos os kits avaliados apenas 3 apresentaram peso superior a 10 kg, máximo que um kit cirúrgico deve ter seguindo as boas práticas de processamento de materiais.

Conclusões

Para o gestor do CME é imprescindível conhecer o arsenal cirúrgico, pois identificar a composição auxilia nas estratégias de organização, delineamento de objetivos e metas para revisão das composições das caixas cirúrgicas e definição dos locais de armazenamento dos materiais, uma vez que itens de maior peso devem ser armazenados em locais de fácil acesso.
Por fim, definir e divulgar essa composição auxilia a equipe do CME, do Centro Cirúrgico e da saúde ocupacional a definir as melhores estratégias para cuidar da saúde do profissional do CME que fica diariamente exposto a altas cargas de trabalho e necessita de medidas de acompanhamento e prevenção diferenciados.

Palavras-chaves

Departamentos Hospitalares; Esterilização; Saúde Ocupacional; Enfermagem

Referências

1. Associação Paulista de Epidemiologia e Controle de Infecção relacionada à assistência à saúde (APECIH). Limpeza, desinfecção e esterilização de artigos em serviços de saúde. 4. ed. São Paulo: APECIH; 2021. 464 p.
2. Sociedade Brasileira de Enfermeiros do Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização (SOBECC). Diretrizes de práticas em enfermagem cirúrgica e processamento de produtos para saúde. 7. ed. São Paulo: SOBECC; 2017.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC No 15, de 15 de março de 2012. Dispõe sobre requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União [Internet]. 2012 Mar 12 [cited 2021 Sep 07].

Área

Prevenção e Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde

Categoria

Enfoque na prática

Autores

Rafael Silva Marconato, Thamirys Christino Gomes, Mateus Lameu Ferreira, Nelisa Abe Cruz Almeida, Michelle Alves Pires , Suzimar Fátima Benato Fusco, Aline Maino Pergola-Marconato