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Dados do Trabalho


Título

Desinfetante a base de ácido peracético pode acelerar danos nos broncoscópio flexível?

Introdução

Broncoscópio flexível é um dispositivo médico tubular, termo sensível, com estrutura complexa, canais estreitos e longos revestido por polímero que permite imagem ampliada para diagnóstico e terapêutica de comorbidades do trato respiratório1. Durante o uso, pode ser contaminado com sangue, fluidos e microrganismos patogênicos sendo determinante o processamento adequado para prevenir contaminação cruzada entre as utilizações2. Por se tratar de um artigo semicrítico, é necessário, conforme recomendação da RDC nº15, no mínimo desinfecção de alto nível. Em 2019 foi iniciado no serviço de atendimento diagnóstico e terapêutico (SADT) os exames de broncoscopia com aquisição de 08 equipamentos que ficaram sob responsabilidade da Central de Materiais Esterilização (CME) o processo de limpeza e desinfecção. Foi escolhido desinfetante à base de ácido peracético (AP) em concordância com o fabricante e serviço de controle de infecção hospitalar (SCIH). AP é um líquido incolor, com pH ácido, oxidante, corrosivo para metais e que em baixas concentrações tem ação efetiva contra todos os microrganismos e esporos bacterianos 1,3. Após dois anos de uso, ocorreram frequentes manutenções nos aparelhos com comprometimento na agenda de exames e custo de R$416.558,23 do conserto. Optou-se pela troca para desinfetante a base de ortoftalaldeido (OPA). O OPA é um dialdeído de rápida ação bactericida, com propriedades tuberculicida, viruscida e fungicida eficaz em concentrações inferiores à concentração recomendada de 0,5% considerado uma alternativa viável ao AP para desinfecção de alto nível3. Após um ano da troca do desinfetante não ocorreram novas quebras.

Objetivo

Comparar o uso de desinfetantes a base de AP e OPA com o desgaste e quebra do broncoscópio flexível.

Método

Relato de experiência desenvolvido em hospital particular de grande porte, localizado na cidade de São Paulo onde foram analisados os chamados de manutenção corretiva abertos para engenharia clínica através de sistema informatizado, entre 2020 e 2022.

Resultados

Foram abertos oito chamados de manutenção corretiva. Seis deles no ano de 2021 entre os meses de março a novembro, conforme tabela 1. Todos os chamados obtiveram troca de peças com custo agregado. Após esse aumento de quebras, foi levantada a hipótese de desgaste dos broncoscóspios pelo perfil do desinfetante utilizado com princípio ativo AP. Decidiu-se após avaliação do laudo do fabricante em comum acordo com SCIH, equipe médica, engenharia clínica e CME, trocar o desinfetante para à base de OPA que está em uso desde maio de 2021.
Equipamento Data da Manutenção Retorno Tipo de Ocorrência Custo
BF XP 190 17/06/2020 05/02/2021 Acessório danificado 78.878,92
BF UC 180F 06/11/2020 14/12/2020 Equipamento danificada 72.240,80
BF P190 01/03/2021 20/05/2021 Equipamento danificada 37.984,42
BF Q170 19/03/2021 21/05/2021 Não funciona 34.446,27
BF H190 16/04/2021 08/06/2021 Não funciona 40.856,49
BF Q170 13/05/2021 13/01/2022 Não funciona 41.367,18
BF Q170 24/05/2021 28/05/2021 Não funciona 34.446,27
BF XP190 10/11/2021 07/03/2022 Equipamento danificada 74.337,88
Tabela 1. Fonte: Sistema de gestão automatizada de processos, manutenção e ativos. Fevereiro/2022.

Conclusões

Observamos que os equipamentos não apresentaram mais defeitos até a presente data após início da desinfecção com OPA nos levando a considerar que o princípio ativo AP pode ocasionar, facilitar ou mesmo acelerar processo de desgaste do tubo e consequentemente quebra do equipamento.

Palavras-chaves

Ácido peracético; Ortoftalaldeído; Endoscópios

Referências

1. Leichsenring ML, Cavinatto SM; Psaltikidis EM. Avaliação de danos em nasofibroscópio flexível desinfetado com ácido peracétivo. Rev Sobecc. 2017; 22(3):131-137.
2. Psaltikidis EM, Leichsenring ML, Nakamura MHY et al. Desinfetantes de alto nível alternativos ao glutaraldeído para processamento de endoscópios flexíveis. Cogitare Enferm. 2014; 19(3): 423-432.
3. Balsamo AC, Graziano KU, Schneider RP, et al. Remoção de biofilme em canais de endoscópios: avaliação de métodos de desinfecção atualmente utilizados. Ver Esc Enferm USP. 2012, 46(ESP): 91-8. [acessado 2022 abr 22]. Disponível em: www.scielo.br/reeusp

Área

Endoscopia

Autores

Flavia de Oliveira e Silva Martins, Thais Honorato Freitas Pirez, Viviani da Silva Machado, Bianca Almeida Carneiro, Vanusa Pereira Gonzaga da Silva, Elilde da Silva Gomes, Lislaine Cristina Pontes Capuchino