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Dados do Trabalho


Título

Assistência perioperatória da equipe interprofissional ao paciente LGBTQIA+: uma revisão de escopo

Introdução

Dentre as pessoas LGBTQIA+, os indivíduos transgêneros enfrentam desafios e disparidades, apesar dos avanços em favor dessa comunidade. O preconceito e os estereótipos dos profissionais de saúde podem influenciar o atendimento ofertado.

Objetivo

sumarizar as ações da equipe interprofissional na assistência perioperatória do paciente LGBTQIA+, na literatura nacional e internacional.

Método

Trata-se de uma revisão de escopo, baseada no método proposto pelo Joanna Briggs Institute (JBI), com nove etapas intercomplementares. Para a definição da questão de pesquisa utilizou-se a estratégia Participantes, Conceito e Contexto (PCC), onde P: pessoas LGBTQIA+; C: acolhimento; e C: perioperatório. Realizou-se busca nas bases de dados PubMed, CINAHL, SCOPUS, Web of Science e LILACS, com descritores controlados e palavras-chave, inicialmente com 392 registros, além de nove registros recuperados manualmente. A seleção foi realizada por dois pesquisadores independentes, totalizando-se 32 registros para leitura, na íntegra.

Resultados

Amostra final foi composta por 19 registros, sendo cinco artigos originais, cinco revisões, cinco relatos de experiência, dois artigos de opinião de especialista, uma publicação de órgão oficial e um E-book, publicados, majoritariamente, em inglês. Para os serviços de saúde recomenda-se o oferecimento de um “espaço seguro”, exibindo-se símbolos como arco-íris ou sinal de igualdade, que denotam abertura e receptividade, incluindo-se o uso de sanitários, quando possível, segundo a autoidentificação de gênero. A admissão deverá ser com total discrição; os registros eletrônicos hospitalares devem ser adaptados com inclusão de campos como nome e pronomes de preferência, nome social, gênero afirmado/legal e sexo atribuído no nascimento. Deve-se evitar as suposições de identidade sexual/gênero, somente pela aparência física, assegurando-se destas informações. As equipes de recepção/atendimento telefônico devem ser capacitadas para atendimento desta clientela. Quando possível, o paciente deve ser acomodado em um quarto privativo ou leito de enfermaria, de acordo com o gênero autoidentificado. No pré-operatório, a avaliação pré-anestésica deverá considerar possíveis interações medicamentosas com a terapia hormonal; a intubação deverá ser cuidadosa devido ao estreitamento da glote pela cirurgia de feminização vocal; e deve-se realizar teste de gravidez para todos os pacientes do sexo biológico feminino. No intraoperatório, as equipes devem questionar o paciente sobre nome e pronome de preferência, utilizando-os para as confirmações de segurança cirúrgica, além da identificação das diferenças anatômicas. No pós-operatório, os pacientes devem ser tratados com total discrição, respeitando-se a sua privacidade, implementando-se as recomendações anteriores. Na comunicação com o paciente/familiares/parceiros, deve-se utilizar a flexão correta de gênero, com disponibilização de materiais educativos que abordem as especificidades dessa clientela. Uma maior inclusão de profissionais de diversos gêneros nas equipes cirúrgicas e maior representatividade em cargos de liderança, podem proporcionar um melhor atendimento, ou seja, equipes diversificadas podem oferecer uma maior sensibilidade no cuidado à diversidade. A educação permanente de profissionais poderá romper as barreiras à diversidade de gênero, assim como a inclusão desse conteúdo na formação profissional.

Conclusões

No perioperatório, as preferências pessoais, especificidades e privacidade do paciente LGBTQIA+ devem ser respeitadas. Para tanto, a equipe interprofissional de saúde deverá ser capacitada para este atendimento qualificado.

Palavras-chaves

Palavras: Minorias Sexuais e de Gênero; Diversidade de Gênero; Assistência Perioperatória; Educação Interprofissional.

Referências

Peters MDJ, Godfrey C, McInerney P, Munn Z, Tricco AC, Khalil, H. Chapter 11: Scoping Reviews (2020 version). In: Aromataris E, Munn Z (Editors). JBI Manual for Evidence Synthesis, JBI, 2020.
Berenson MG, Gavzy SJ, Cespedes L, Gabrani A, Davis M, Ingram K, et al. The Case of Sean Smith: A Three-Part Interactive Module on Transgender Health for Second-Year Medical Students. MedEdPORTAL. 2020; 16:10915. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7376784/
Tollinche LE, Walters CB, Radix A, Long M, Galante L, Goldstein ZG, Kapinos Y, Yeoh C. The Perioperative Care of the Transgender Patient. Anesth Analg. 2018 Aug;127(2):359-366. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29757779/

Área

Outros

Autores

André Aparecido Silva Teles, Janderson Cleiton Aguiar, Antonio Jorge Silva Correa Júnior, Camila Maria Silva Paraizo-Horvath, Tatiana Mara Silva Russo, Wagner Felipe Santos Neves, Helena Megumi Sonobe