Dados do Trabalho

Título

Os impactos da comunicação assertiva na segurança do paciente no centro cirúrgico

Introdução

Atualmente o tema segurança do paciente tem sido destaque no cenário nacional e internacional. Nesse aspecto, os avanços em relação aos procedimentos cirúrgicos foram imensos nos últimos anos. Para tanto, as equipes devem estar cada vez mais preparadas e educadas para proporcionar um cuidado mais seguro e as instituições prover condições para que as cirurgias visem à melhoria da segurança do paciente e a redução de eventos adversos, complicações cirúrgicas e mortalidade. A cirurgia segura propõe quatro maneiras de tornar os procedimentos cirúrgicos mais seguros: prevenção de infecção de sitio cirúrgico; anestesiologia segura; equipes eficientes e mensuração de complicações ocorridas após a assistência cirúrgica.1 Dados de países em desenvolvimento apresentam uma taxa de mortalidade de 5 a 10% associada à cirurgia de maior complexidade a taxa de mortalidade evitável associada à anestesiologia é de 100 – 1.000.1 Mediante essas considerações questiona-se: Como as falhas na comunicação entre a equipe operatória podem interferir na segurança do paciente?

Objetivo

Investigar as possíveis falhas na comunicação entre a equipe operatória e relacionar à lista de verificação de segurança cirúrgica.

Método

É uma pesquisa qualitativa. A coleta de dados se deu por meio de observação sistemática. A pesquisa foi realizada em um centro cirúrgico (CC) de uma instituição situada na Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. A coleta de dados se deu no mês de outubro de 2015. Os dados foram analisados mediante a análise de conteúdo.2 Respeitaram-se os aspectos éticos estabelecidos pela resolução 466/12. O trabalho foi aprovado pelo comitê de ética da universidade com o parecer n° 1.237.510.

Resultados

Constituíram a amostra 24 trabalhadores, divididos aleatoriamente entre enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos e instrumentadores. Surgiram três categorias de análise: A importância da comunicação assertiva e passagem de plantão efetiva durante o período perioperatório; A identificação na segurança do paciente; A importância do checklist de cirurgia segura na assistência ao paciente cirúrgico. Constatou-se uma certa fragilidade na comunicação entre a equipe multiprofissional e o paciente, o que pode colaborar para a ocorrência de eventos adversos. Em relação a identificação do paciente identificou-se uma boa adesão por parte da equipe nesse quesito, em especial, a equipe de enfermagem que buscava conferir os itens de identificação durante a admissão no centro cirúrgico, comparando com os dados do prontuário, conferindo o procedimento e o nome do paciente. Quanto a aplicação do checklist de cirurgia segura observou-se que em 75% dos casos esse processo se deu após o término da cirurgia, sem dúvidas colocando em risco a segurança do paciente, deixando uma lacuna na comunicação importante, dados semelhantes aos encontrados em outro estudo.3

Conclusões

Identificou-se que existem falhas de comunicação entre a equipe do CC, sendo urgente a adesão ao checklist de cirurgia segura para fortalecer a segurança do paciente. O enfermeiro deve assumir um papel de destaque nesse contexto, e assim, utilizando-se de um processo de comunicação mais assertiva, estará proporcionando mais segurança ao processo assistencial, reduzindo como consequência o risco e a incidência de eventos adversos. Os resultados do estudo já foram apresentados a instituição coparticipante com o intuito de colaborar para melhoria da qualidade na assistência e incentivar uma mudança de cultura.

Palavras-chaves

Segurança do paciente; Intervenção cirúrgica; Equipe de enfermagem; Comunicação.

Referências

1. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária; Manual de Segurança do Paciente e Qualidade em serviços de Saúde: Uma reflexão Teórica Aplicada a Pratica; Brasília; 2013; 1ª edição.
2. BARDIN L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2011.
3. MAZIERO, E.C.S. ; SILVA, A. E.B. C.; MANTOVANI, M.F.; CRUZ, E. D. A.; Adesão ao uso de um checklist cirúrgico para segurança do paciente. Rev Gaúcha Enferm. 2015 dez; 36(4):14-20.