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Dados do Trabalho


Título

O que escondem os canais de endoscópios prontos para uso?

Introdução

Endoscópios gastrointestinais são equipamentos reutilizáveis de estrutura complexa com diversos lúmens de pequeno diâmetro, que representam um risco ao seu processamento. A inspeção dos canais internos dos endoscópios por meio de um vídeo boroscópio se faz necessária a partir da impossibilidade de sua visualização por outros métodos de forma a reduzir os riscos e contaminação cruzada.

Objetivo

Verificar as condições de canais de endoscópios em utilização na prática clínica por meio de um boroscopio, quanto a presença de ranhuras, manchas, umidade e resíduos

Método

Tratou-se de um estudo transversal, realizado em serviços de endoscopia, entre janeiro e maio de 2021, por meio de inspeção através de um vídeo boroscópio dos canais de endoscópios gastrointestinais armazenados e pronto para uso e condução de uma entrevista sobre as práticas de processamento, após aprovação da pesquisa junto ao Comitê de ética (parecer 4.516.596).

Resultados

Foram avaliados 13 canais de biópsia de endoscópios gastrointestinais armazenados em três serviços distintos, sendo cinco colonoscópios e oito gastroscópios, a média de tempo de armazenamento foi de 17 horas com amplitude entre 15 minutos a 52 horas, em 85% desses foram observados manchas e ranhuras, 69% continham umidade e 46% havia a presença de resíduos. Em 100% dos canais avaliados havia pelo menos uma não conformidade. Pela entrevista verificou-se que, no que diz respeito às práticas de processamento executadas, dois serviços faziam uso de pistola sob pressão de água para auxílio na limpeza ou enxágue. O adaptador de irrigação de lúmens, como orientado uso pelos fabricantes, foi identificado para uso em apenas um serviço, a secagem dos equipamentos ocorria por compressor, ar medicinal ou fonte de oxigênio respectivamente em cada serviço avaliado e a pressão não era controlada em nenhum, bem como apenas um serviço tinha a definição de tempo mínimo de ar nos canais, o flush de álcool antes do armazenamento como facilitador da secagem foi declarado por dois serviços, os armazenamentos aconteceram em posição vertical em armários convencionais. Nenhum dos serviços possuía testes ou rotinas de monitoramento ou validação das etapas do processamento.

Conclusões

Falhas no processamento foram identificadas podendo constituir um risco à prática clínica, pela manutenção de resíduos, umidade e alterações na estrutura interna que podem facilitar a formação e manutenção do biofilme. O uso do boroscópio como uma ferramenta complementar à validação e monitoramento das etapas do processamento, por permitir a visualização interna de canais identificando alterações que podem comprometer a segurança do seu uso, muitas vezes não detectadas no “leak test”, pode contribuir com a melhoria dos processos e treinamentos se tornando fundamental para ser pensada nos serviços de endoscopia.

Palavras-chaves

Endoscópios gastrointestinais; Segurança de equipamentos; Reutilização de equipamentos.

Referências

DAY LW, MUTHUSAMY R, COLLINS J, KUSHNIR VM, SAWHNEY MS, THOSANI NC, WANI S. Multisociety guideline on reprocessing flexible GI endoscopes and accessories. Gastrointestinal Endoscopy. 2021; 93(1):11-33.
OFSTEAD CL, WETZLER HP, HEYMANN OL, JOHNSON EA, EILAND JE, SHAW MJ. Longitudinal assessment of reprocessing effectiveness for colonoscopes and gastroscopes: results of visual inspections, biochemical markers, and microbial cultures. American Journal Infection Control. 2017; 45(2):26-33.
VISRODIA K, PETERSEN BT. Borescope examination: Is there value in visual assessment of endoscope channels? Gastrointestinal Endoscopy. 2018; 88(4): 620-623.

Área

Endoscopia

Autores

Naiara Bussolotti Garcia, Adriana Cristina Oliveira