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Dados do Trabalho


Título

Fatores associados ao desconforto da sede em pacientes cirúrgicos

Introdução

Em muitas instituições de saúde, o paciente permanece em jejum para cirurgia por um tempo entre 12 e 16 horas, ocasionando sede, aumento na resposta metabólica e trauma subsequente a cirurgia1. Relatos de pacientes sobre a vivência da sede no perioperatório a descrevem como sofrimento intenso, com alusões a pensamentos de desespero e até de morte2. O problema de pesquisa é: quais são os fatores que estão associados ao desconforto da sede do paciente no perioperatório?

Objetivo

Analisar fatores associados ao desconforto da sede de acordo com a Escala de Avaliação de Desconforto da Sede em Perioperatório (EDESP).

Método

Estudo transversal, descritivo e quantitativo desenvolvido em um hospital filantrópico de médio porte no interior do Estado do Rio Grande do Sul com pacientes no pós-operatório imediato em unidade de internação cirúrgica ou na sala de espera do centro cirúrgico (CC) no mês de janeiro de 2019. Foram considerados como critérios de inclusão: ser paciente maior de 18 anos, estar no pós-operatório imediato e aceitar assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE); e critérios de exclusão: foram excluídos os pacientes com dor no momento da entrevista. Foram utilizados um questionário e a EDESP3, ambos aplicados individualmente. A análise estatística dos dados foi realizada no software R. Na análise de associação entre as características e a EDESP foram utilizados os testes de qui-quadrado e exato de Fisher. Os aspectos éticos foram respeitados e os participantes assinaram o TCLE. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade sob o número de parecer 2.802.987.

Resultados

Participaram 178 pacientes. Como a especialidade cirúrgica poderia interferir nos resultados, foi realizado um teste de aderência para verificar a distribuição da amostra quanto a esse fator, se aderia à população de estudo. Existiu proporcionalidade no número de participantes da amostra em relação a população, validada pelo teste de qui-quadrado de aderência. Dos participantes 61,0% não referiram sede ao serem questionados e 90,8% não relataram espontaneamente sentir sede. Quanto a sede, de acordo com a EDESP, 32,2% atingiram entre 4 e 7 pontos, 29,8% atingiram 8 pontos ou mais, 19,5% atingiram 1 a 3 pontos e 18,4% não tiveram nenhuma pontuação na escala. Quanto ao tempo de jejum ao ingressar ao CC a maioria (57,4%) estava em jejum por mais 8 horas e 19,5% estavam em jejum por um período de 6 horas. A técnica anestésica mais utilizada foi a raquianestesia (33,3%), 32,2% dos pacientes receberam anestesia geral balanceada e 31,0% receberam anestesia tópica. Observou-se associação (p < 0,001) entre a raquianestesia e o intenso desconforto e sede. Dentre as limitações desta pesquisa, ressalta-se que os dados foram coletados em um único momento durante a internação dos participantes. Além disso, alterações no estado de saúde durante a hospitalização não foram aferidos, assim, o desconforto da sede pode ter alterado durante a internação.

Conclusões

Constatou-se associação do desconforto da sede do paciente com a raquianestesia. É importante que novos estudos sejam realizados em outros cenários e realidades institucionais. Como implicações para a prática os hospitais e os enfermeiros serão favorecidos ao obter informações sobre a sede, bem como sobre fatores associados para que se discuta intervenções com vistas a potencializar a segurança do paciente.

Palavras-chaves

Sede; Jejum; Enfermagem; Enfermagem Perioperatória

Referências

1. Aguilar-Nascimento JE et al. Diretriz acerto de intervenções nutricionais no perioperatório em cirurgia geral eletiva. Rev Col Bras Cir. 44(6):633-648, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rcbc/v44n6/pt_1809-4546-rcbc-44-06-00633.pdf
2. Silva LCJR, Aroni P, Fonseca LF. Tenho Sede! Vivência do paciente cirúrgico no período perioperatório. Revista SOBECC. 21(2), 2016. Disponível em: https://revista.sobecc.org.br/sobecc/article/view/21
3. Martins PR et al.. Elaboração e validação de escala de desconforto da sede perioperatória. Rev esc enferm USP. 51(e03240): 1-8, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v51/pt_1980-220X-reeusp-51-e03240.pdf

Área

Outros

Autores

CAMILA PEREIRA FALEIRO, LUCIANO LEMOS DORO, IARA DENISE ENDRUWEIT BATTISTI, FRANCISCO CARLOS PINTO RODRIGUES, VIVIAN LEMES LOBO BITTENCOURT