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Dados do Trabalho


Título

Eventos adversos em pacientes cirúrgicos: incidência, características e fatores associados

Introdução

O interesse pela segurança do paciente nas organizações de saúde cresceu exponencialmente em todo mundo, impulsionado por estudos epidemiológicos que revelaram a frequência e o impacto do dano associado ao cuidado em saúde1. Na assistência cirúrgica, os eventos adversos (EA) estão relacionados a danos graves que incluem incapacidades temporárias ou permanentes e, até mortes2. Para melhorar a segurança do paciente é importante conhecer a frequência e as características desse eventos, de forma a contribuir para o desenvolvimento de estratégias de prevenção efetivas3.

Objetivo

Este estudo teve como objetivo estimar a incidência de EA em pacientes cirúrgicos e identificar os fatores associados à sua ocorrência.

Método

Trata-se de um estudo retrospectivo e documental conduzido a partir da revisão de uma amostra de 851 prontuários de pacientes submetidos a procedimento cirúrgico nos anos de 2012 e 2015, de todas as especialidades, em um hospital de referência do interior de Minas Gerais. Para o rastreamento e identificação do EA utilizou-se uma adaptação do método Global Trigger Tool proposto pelo Institute for Heathcare Improvement. A incidência de EA foi estimada e foram analisados os fatores associados à sua ocorrência. Também foi analisada a associação entre a presença do EA e a ocorrência do óbito

Resultados

Um total de 108 pacientes cirúrgicos oriundos da amostra de 851, apresentou pelo menos 1 EA, determinando uma incidência de 12,7%. Alguns pacientes apresentaram mais de um evento, contribuindo para um total de 145 EA, com uma média de 1,3 EA por paciente. Mais da metade dos eventos identificados estava relacionada a complicações no local da cirurgia, sendo o sangramento e as infecções do sítio cirúrgico as mais frequentes. Quanto à gravidade do dano associado ao EA, mais de 50% necessitou de intervenção que prolongou o período de internação ou levou a readmissão. A presença do EA esteve associada a uma maior chance de óbito. O tempo de internação prolongado, a duração da cirurgia superior a 4 horas e a realização de procedimentos cirúrgicos classificados como contaminados se mostraram associados a maiores chances de ocorrência do EA.

Conclusões

Os resultados confirmam a magnitude do EA na assistência cirúrgica devido à sua elevada frequência e impacto do dano causado, reforçando a importância das estratégias voltadas para a segurança do paciente cirúrgico nas organizações de saúde.

Palavras-chaves

SEGURANÇA do paciente; EVENTOS adversos; PROCEDIMENTOS cirúrgicos operatórios.

Referências

1. Batista J, Cruz EDA, Alprende FT, Rocha DJM, Brandão MB, Maziero ECS. Prevalência e evitabilidade de eventos adversos cirúrgicos em hospital de ensino do Brasil. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2019;27:e2939. doi: 10.1590/1518-8345.2939.3171.
2. . Anderson O, Davis R, Hanna GB, Vicent CA. Surgical adverse events: a systematic review. Am J Surg. 2013;206(2):253-62. doi: 10.1016/j.amjsurg.2012.11.009.
3. Leite GR, Martins MA, Maia LG, Garcia-Zapata MTA. Checklist de cirurgia segura: avaliação em uma região neotropical. Rev. Col. Bras. Cir. 2020;48:e20202710. doi: 10.1590/0100-6991e-20202710.

Área

Segurança do paciente

Autores

Luciane Ribeiro de Faria, Fábio da Costa Carbogim