Dados do Trabalho

Título

CONDUTA TERAPEUTICA DE LESAO LABIAL PELO USO DE ENOXAPARINA EM PACIENTE PEDIATRICO ONCO-HEMATOLOGICO: RELATO DE CASO

Introdução

Os pacientes onco-hematológicos podem apresentar alterações no endotélio vascular levando ao maior risco no desenvolvimento de eventos tromboembólicos e hemorrágicos acarretados pela doença ou ainda secundários aos tratamentos aos quais são submetidos. Embora as diretrizes atuais indiquem a heparina de baixo peso molecular no tratamento e/ou profilaxia das tromboses; ainda não existem muitos estudos sobre a utilização da enoxaparina em pacientes oncológicos pediátricos.

Objetivo

Relatar a ocorrência de lesão labial hemorrágica extensa, após o uso de enoxaparina, em um paciente pediátrico com linfoma anaplásico de grandes células (LAGC) anaplastic lymphoma kinase positivo (ALK+); expondo os aspectos clínicos da lesão, sintomatologia, abordagem e conduta terapêutica do atendimento odontológico junto a equipe multiprofissional.

Casuística

Paciente do sexo masculino, 8 anos, foi internado para investigação diagnóstica apresentando anemia severa associada a febre, além de trombose das veias cavas superior e inferior.

Método

A conduta médica imediata foi a de administração de enoxaparina e a hipótese diagnóstica foi a de linfoma anaplásico de grandes células (LAGC). Vinte dias após iniciar a anticoagulação, o paciente apresentou episódio de epistaxe e lesões hemorrágicas em lábios superior e inferior seguido da formação de crostas labiais. Durante avaliação odontológica verificou-se a presença de lesão hemorrágica vermelho-azulada em ambos os lábios associada a desidratação do vermelhão do lábio (Figura 1), acompanhado de dor local, interferindo na fala e mastigação, além de estado geral de prostração. A abordagem e a conduta terapêutica foram conduzidas após discussão em equipe multiprofissional, resultando na redução da dose do anticoagulante e instituição de protocolo específico de cuidados bucais.  

Resultados

A conduta da equipe odontológica foi a realização do debridamento das crostas sob uso de anestésico tópico, mantendo manobras hemostáticas locais. A aplicação de laserterapia foi proposta com a finalidade de se obter analgesia e reparo das lesões. Para hidratação dos lábios foi prescrito o uso tópico de acetato de racealfatocoferol (vitamina E). Conforme protocolo descrito, houve remissão das lesões e restabelecimento das funções da cavidade oral pelo paciente.

Discussão e conclusões

O conhecimento sobre as manifestações orais associadas aos medicamentos e às doenças de base no paciente onco-hematológico é fundamental no auxílio ao diagnóstico diferencial de possíveis complicações e conduta a ser discutida em equipe.