Dados do Trabalho
Título
SARCOMA DE ESTROMA ENDOMETRIAL EXTRAUTERINO: SÉRIE DE CASOS
Introdução
O sarcoma de estroma endometrial (SEE) é uma rara entidade que representa cerca de 0,2% de todos os tumores ginecológicos, 1% das neoplasias malignas uterinas e, dentre os sarcomas uterinos, perfazem cerca de 7 a 15% dos casos. Trata-se, ainda, de uma neoplasia que, de forma ainda mais rara, pode também se desenvolver em localizações extrauterinas.
Objetivo
Descrever uma série de casos de pacientes conduzidas num único centro oncológico.
Casuística
Três pacientes tratadas no período de 2012 a 2020.
Método
Análise de prontuários. Todas as lâminas foram revisadas pelo mesmo patologista especialista em tumores ginecológicos antes da elaboração deste estudo.
Resultados
Caso 1) 43 anos, procurou atendimento para manejo terapêutico após 3 cirurgias anteriores em outra instituição, que incluíram histerectomia total (HT), ooforoplastias bilaterais e salpingooforectomia bilateral (SOB). RM de abdome evidenciava sinais de carcinomatose peritoneal, sendo submetida à citorredução ótima em novembro de 2012, com anatomopatológico (AP) compatível com SEE de baixo grau com acometimento de ovários e intestino grosso, e imuno-histoquímica (IHQ) expressando receptores de estrógeno (RE) e de progesterona (RP) positivos. Foi indicada adjuvância com terapia hormonal com Anastrozol, que 1 ano após foi modificado para Letrozol por efeitos colaterais à medicação e, desde então, paciente vem em seguimento sem evidência de doença (SED). Caso 2) 39 anos, assintomática quando foram constatados sinais sugestivos de carcinomatose peritoneal em exames de imagem de rotina. Foi submetida à HT + SOB + citorredução ótima, cuja congelação intraoperatória sugeriu SEE de baixo grau e AP definitivo confirmou o diagnóstico, com tumor infiltrando extrinsecamente o colo uterino, a superfície do ovário esquerdo e a tuba uterina esquerda. IHQ expressava RE e RP, sendo indicado Anastrozol adjuvante com início em julho de 2015, e segue SED desde então. Caso 3) 50 anos, antecedente de ooforoplastia direita por fibrotecoma de ovário, procurou atendimento após achado anormal de massa pélvica de etiologia a esclarecer em ultrassonografia transvaginal de rotina. Após estadiamento foi submetida à HT + SOB + citorredução ótima com congelação intraoperatória, cujo AP definitivo evidenciou SEE de baixo grau histológico em anexo direito, além de achado adicional de foco de endometriose em goteira parietocólica. Foi indicada adjuvância por 5 anos, sendo iniciado Letrozol menos de 1 mês após a cirurgia, seguindo desde então SED.
Conclusões
Nossa casuística sugere que citorredução ótima e terapia adjuvante com inibidor de aromatase nos SEE de baixo grau que expressam receptores hormonais parecem contribuir para altas taxas de resposta e longos períodos de remissão. São necessários estudos com desenhos mais robustos e que tragam melhores substratos para compreendermos melhor a doença, mas diante de sua raríssima ocorrência, dificultando a realização de ensaios clínicos randomizados nesse cenário, esta série de casos contribui de forma significativa para o manejo desta condição nos dias atuais.
Palavras-chave
SARCOMA DE ESTROMA ENDOMETRIAL. CITORREDUÇÃO. HORMONIOTERAPIA.
Fotos e tabelas
Conflitos de interesse
NÃO HÁ CONFLITOS DE INTERESSE NA REALIZAÇÃO DESTE ESTUDO.
Área
Tumores raros
Instituições
A.C.Camargo Cancer Center - São Paulo - Brasil
Autores
JACQUELINE NUNES DE MENEZES, HENRIQUE MANTOAN, CARLOS CHAVES FALOPPA, LEVON BADIGLIAN-FILHO, ANDREA PAIVA GADELHA GUIMARÃES, LOUISE DE BROT ANDRADE, GLAUCO BAIOCCHI