Dados do Trabalho
Título
Traquelectomia radical no tratamento conservador do câncer de colo uterino em paciente jovem.
Introdução
O câncer de colo uterino é a quarta neoplasia mais comum em mulheres em todo mundo e com o melhor acesso aos programas de rastreamento houve um aumento desse diagnóstico nos estágios iniciais. Estima-se que 40% dessas mulheres encontram-se em idade reprodutiva (< 40 anos). O tratamento tradicional nos casos precoces (tamanho tumoral < 4 cm) é a histerectomia radical, mas não permite a conservação da fertilidade. Em casos selecionados o tratamento cirúrgico conservador, como a traquelectomia radical, é uma alternativa segura para pacientes que desejam preservar fertilidade. Cerca de 80% das mulheres são capazes de conceber após este procedimento, e as taxas de recorrência são inferiores a 5%.
Objetivo
Relatar o caso de uma paciente jovem submetida à traquelectomia radical no tratamento do câncer de colo uterino.
Casuística
Paciente jovem à traquelectomia radical no tratamento do câncer de colo uterino
Método
Paciente de 20 anos, nulípara, sexarca aos 17 anos, com história de sangramento vaginal irregular, diagnosticada com adenocarcinoma de células claras endocervical após histeroscopia. Com o estadiamento clínico FIGO IB1 foi optado pelo tratamento cirúrgico,
traquelectomia radical e pesquisa de linfonodo sentinela vídeo-assistida, objetivando controle da doença e preservação de fertilidade.
Resultados
Iniciado o procedimento por via laparoscópica, sem o uso de
manipulador uterino. Identificação e ressecção dos linfonodos sentinelas pélvicos, os
quais estavam livres de neoplasia à biópsia de congelação. A seguir, realizado
dissecção e preservação de infundíbulos pélvicos e dos ligamentos redondos bilateralmente; ligadura das artérias uterinas na origem e parametrectomia bilateral. Foi então realizada uma incisão de Mylard para colpectomia superior e secção do colo uterino na transição com o istmo. Após confirmação com congelação de margem uterina livre foi realizado anastomose do istmo uterino à cúpula vaginal. Houve boa evolução no pós-operatório, recebendo alta após dois dias. A laudo anatomopatológico confirmou tratar-se de adenocarcinoma endocervical de células claras, medindo 1,1 cm, sem invasão linfovascular, com margens cirúrgicas endo e ectocervicais livres e sem linfonodos comprometidos. Não realizado adjuvancia. Encontra-se em seguimento ambulatorial há 9 meses com ciclo menstrual regular e sexualmente ativa, sem sinais de recidivas.
Conclusões
O impacto psicossocial da infertilidade relacionada ao câncer em mulheres tratadas por malignidades ginecológicas é significativo e a
traquelectomia radical é uma valiosa opção de tratamento de preservação da fertilidade dessas pacientes. Com isso, o caso relatado demonstra um bom resultado da técnica cirúrgica sem recorrência da doença até o momento. Seguiremos em monitoramento oncológico e aguardando um bom desfecho gestacional.
Palavras-chave
Câncer de colo de útero; Traquelectomia radical; Preservação de fertilidade; Doença em estágio inicial
Área
Qualidade de Vida / Sexualidade / Preservação de Fertilidade
Instituições
SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE MACEIÓ - Alagoas - Brasil
Autores
CAROLINE CARVALHO FERRO, ALDO VIEIRA BARROS, CLAUDEMIRO CASTROMEIRA NETO, AMANDA LIRA SANTOS LEITE, DIEGO WINDSON ARAÚJO SILVESTRE, ALBERSON MAYLSON RAMOS SILVA, ELSON ALEXANDRO CORDEIRO FOLHA FILHO