Dados do Trabalho
Título
Recuperação extracorpórea de oócitos maduros, realizada após a ooforectomia, em razão de carcinoma bilateral de ovário, seguida de fertilização in vitro, evolução embrionária normal e gestação em curso, em útero de substituição
Introdução
A vitrificação de oócitos maduros deve ser a estratégia de escolha para a preservação da fertilidade feminina, mas em casos de câncer de ovário, a aspiração transvaginal dos folículos ovarianos é inviável, pelo risco de extravasamento de células malignas para a pelve.
Objetivo
Relatar um caso de recuperação extracorpórea de oócitos maduros, realizada após a ooforectomia, em razão de carcinoma bilateral de ovário, seguida de fertilização in vitro, evolução embrionária normal e gestação em curso, em útero de substituição.
Casuística
1
Método
Relato de caso.
Resultados
Nuligesta de 34 anos, encaminhada pelo oncologista para planejamento de preservação da fertilidade, diante de tumor ovariano bilateral, cujo risco de malignidade era de 96,1%, de acordo com o International Ovarian Tumor Analysis Assessment of Different NEoplasias in the adneXa (IOTA-ADNEX). Para tanto, procedeu-se a estimulação ovariana controlada (COS) a partir do segundo dia do ciclo menstrual, pela administração de corifolitropina alfa 150 mcg e folitropina beta 200 UI/dia, esta a partir do oitavo dia, com bloqueio hipofisário pelo acetato de ganirelix 0,25 mg/dia, do dia 9 ao dia 12 de estimulação, e maturação final por dose única de coriogonadotropina alfa 250 mcg, no dia 12. A punção folicular ocorreu na sala de cirurgia, imediatamente após ooforectomia, 36 horas após a maturação, com tempo máximo de isquemia de 31 minutos, e foi guiada por ultrassonografia, com transdutor linear aplicado diretamente aos ovários. Vinte e um folículos ovarianos foram aspirados e 13 oócitos, coletados, sendo 12 maduros (em metáfase II) vitrificados. Dezessete meses depois, após completar o tratamento oncológico adjuvante e remissão da doença, a paciente retornou, desejando ser mãe, e contando com a cessão temporária do útero de sua irmã de 33 anos. A ICSI com sêmen de doador anônimo foi realizada nos 12 oócitos aquecidos, resultando no desenvolvimento normal de 9 embriões, dois dos quais foram escolhidos para serem transferidos para o útero substituto. Os embriões excedentes foram criopreservados. A gravidez foi confirmada doze dias depois da transferência embrionária e a idade gestacional é de 13 semanas no momento em que o caso é descrito.
Conclusões
A aspiração de ovários estimulados realizada imediatamente após a ooforectomia é uma alternativa viável de preservação da fertilidade no câncer de ovário e elimina o risco de alterar o prognóstico da doença pelo extravasamento de células tumorais à pelve, potencialmente associado à aspiração transvaginal. Até hoje, não há na literatura relatos de gravidez em curso a partir da fertilização in vitro de oócitos maduros captados ex vivo.
Palavras-chave
Preservação da fertilidade. Recuperação de oócitos ex vivo. Vitrificação. ICSI. Câncer de ovário. Oncofertilidade.
Conflitos de interesse
Não há conflitos de interesse ou financiadores.
Área
Qualidade de Vida / Sexualidade / Preservação de Fertilidade
Instituições
Bruno Ramalho Ginecologia e Reprodução Humana - Distrito Federal - Brasil
Autores
BRUNO RAMALHO DE CARVALHO, ÍRIS OLIVEIRA CABRAL, TAISE MOURA FRANCESCHI, GEORGIA FONTES CINTRA, LEANDRO SANTOS DE ARAÚJO RESENDE, JANINA FERREIRA LOUREIRO HUGUENIN, ANDREA TATIANE OLIVEIRA SILVA BARROS