Dados do Trabalho
Título
PODEMOS ACOMPANHAR PROSPECTIVAMENTE PACIENTES COM BEXIGA NEUROGENICA A PARTIR DO PRIMEIRO ANO DE VIDA? UM PROTOCOLO UNIFORME COM A MESMA EQUIPE E DISPOSITIVO URODINAMICO.
Introdução e Objetivo
Nós revisamos pacientes acompanhados prospectivamente desde 2018 em nossa instituição a partir do primeiro ano de idade. O tratamento é recomendado de acordo com o sistema de categorização de Leal da Cruz (J Urol. 2015).
Método
Analisamos todas as avaliações urodinâmicas realizadas em nossa clínica de urologia pediátrica, associadas a consultas clínicas, no período de 2018 a 2023. Selecionamos pacientes com idade inferior a 1 ano na primeira avaliação urodinâmica para análise retrospectiva dos dados obtidos prospectivamente em nossos registros eletrônicos. Avaliamos o diagnóstico, idade na primeira consulta, dados clínicos, prevalência de hidronefrose e refluxo vesicoureteral, padrão da bexiga, tratamento, tempo de acompanhamento, número de consultas clínicas e avaliações urodinâmicas realizadas, status final da bexiga e cirurgias realizadas.
Resultados
Entre 2018 e junho de 2023, realizamos 466 avaliações urodinâmicas em crianças. Dessas, 43 tinham idade inferior a 1 ano, com idade média de 4,5 meses (mediana de 3,5). O diagnóstico foi mielomeningocele em 31 pacientes e casos diversos em 10. Do grupo com mielomeningocele, 23 foram operados intrauterinamente e 8 pós-natalmente. O padrão inicial da bexiga em todo o grupo mostrou 23 (53%) de alto risco, 11 normais (25%), 5 hipofuncionais (11,6%) e 4 incontinentes (9%). O tempo médio de acompanhamento foi de 24 meses, a idade média na última avaliação urodinâmica (casos com no mínimo 2 avaliações) foi 37 meses, a média de 2 avaliações urodinâmicas por paciente. 28 pacientes realizam cateterismo intermitente limpo, 23 utilizam anticolinérgicos e 14 estão em acompanhamento clínico. Refluxo vesicoureteral foi observado em 12 dos 43 casos (27,9%). Foram realizadas cirurgias em 5 pacientes, sendo 3 urológicas (6,9%): aumento da capacidade vesical em 2 pacientes e vesicostomia em 1. A caracterização da bexiga foi de alto risco (60,86%) e normal (26%) para reparo intrauterino; e alto risco (50%) e normal (25%) para reparo pós-natal.
Conclusão
Nosso estudo representa um estudo prospectivo contemporâneo que confirmou a incidência elevada de padrões de alto risco, independentemente do reparo intrauterino ou pós-natal (60,86% e 50%). Reconhecemos o acompanhamento ainda limitado nesta série, mas esta coorte é uma das poucas que acompanham e comparam, em uma única instituição, o reparo de mielomeningocele intrauterino e pós-natal com avaliação urodinâmica comparável.
Área
Urologia Pediátrica
Instituições
NUPEP/CACAU NÚCLEO DE UROLOGIA PEDIÁTRICA - São Paulo - Brasil
Autores
TAIANE ROCHA CAMPELO, EMANUELLE LIMA MACEDO, RAUL GARCIA ARAGON, SÉRGIO LEITE OTTONI, MARCELA LEAL DA CRUZ, ANTONIO MACEDO JR, RENATA ALVES CORREA