Dados do Trabalho
Título
MIELOMENINGOCELE COM CORREÇAO INTRA-UTERO, CARACTERIZAÇAO INICIAL DA BEXIGA: O QUE ESPERAR? UMA ANALISE PROSPECTIVA DE 12 ANOS
Introdução e Objetivo
A mielomeningocele intrauterina é o tratamento padrão ouro após a publicação do estudo "Manejo da Mielomeningocele". Os benefícios em relação ao estado motor e à redução da necessidade de derivação ventriculoperitoneal foram confirmados e são reproduzíveis. No entanto, os resultados urológicos têm sido contraditórios entre as instituições. Revisamos nosso banco de dados para avaliar a categorização inicial da bexiga de acordo com a classificação de Leal da Cruz (J Urol. 2015) para pacientes tratados no período de 2011 a 2023, refletindo 12 anos de experiência.
Método
Desde 2011, todos os pacientes submetidos à cirurgia intrauterina e encaminhados para nossa instituição seguem um protocolo prospectivo de avaliação clínica inicial, exames radiológicos (ultrassom, cistouretrografia miccional) e avaliação urodinâmica. Os pacientes foram categorizados em 4 padrões: Alto Risco (padrão hiperativo ou pressões de enchimento acima de 40 cmH2O); Incontinente (vazamento abaixo de 40 cmH2O); Hipofuncional (bexiga hipofuncional com resíduo pós-miccional) e Normal (cistometria vesical normal sem vazamento). Nosso protocolo sugere Cateterismo Intermitente Limpo e anticolinérgicos para alto risco, apenas cateterismo para hipofuncionalidade e monitoramento para os demais, com avaliação anual. Todas as avaliações urodinâmicas foram realizadas utilizando o mesmo equipamento e pelos mesmos pesquisadores.
Resultados
Um total de 129 pacientes, com idade média na primeira avaliação urológica de 6,4 meses e um acompanhamento médio de 28,6 meses (1-99 meses). Apenas 12 (10,34%) pacientes necessitaram de Derivação Ventriculoperitoneal. Na primeira apresentação urológica, 19,35% apresentaram hidronefrose e 21,74% refluxo vesicoureteral. A idade média na primeira avaliação urodinâmica foi de 7,28 meses. Os achados da avaliação urodinâmica incluíram 71,42% de hiperatividade do detrusor, 41,46% de complacência reduzida da bexiga, 47,15% de capacidade vesical reduzida e 55,74% de vazamento de urina. O padrão da bexiga foi de 53,97% de alto risco, 25,21% incontinente, 3,97% de hipofuncionalidade e apenas 17,46% foi considerado normal. O Cateterismo Intermitente Limpo foi necessário em 57,94% dos casos e o uso de anticolinérgicos em 53,97%.
Conclusão
A Mielomeningocele apresentou predominantemente o padrão de alto risco na bexiga, seguido pelo padrão incontinente, que, em nossa experiência, sofre mudanças mínimas ao longo do tempo e tem uma alta prevalência de cirurgias importantes no futuro.
Área
Urologia Pediátrica
Instituições
NUPEP/CACAU NÚCLEO DE UROLOGIA PEDIÁTRICA - São Paulo - Brasil
Autores
TAIANE ROCHA CAMPELO, RAUL GARCIA ARAGON, HUGO CRESPO GANCHOSO, EMANUELLE LIMA MACEDO, GILMAR DE OLIVEIRA GARRONE, MARCELA LEAL DA CRUZ, ANTÔNIO MACEDO JR, RENATA ALVES CORREA