Dados do Trabalho
Título
RELATO DE CASO : VOLUMOSO CARCINOMA ADRENOCORTICAL BILATERAL DE COMPORTAMENTO INDOLENTE
Introdução e Objetivo
Os carcinomas adrenais são raros, representando cerca de 0,05 a 0,2% de todas as neoplasias malignas e 0,2% das mortes por câncer. Geralmente têm um comportamento muito agressivo, são caracterizados por grandes massas que ao diagnóstico invadem os tecidos circunvizinhos e têm evolução rápida para estádio metastático. Nosso objetivo é descrever o caso de um paciente diagnosticado com volumosas massas adrenais que apresentaram um comportamento indolente, mantendo-se estáveis por 6 anos até serem tratadas através de ressecção cirúrgica.
Método
Homem de 32 anos de idade com diagnóstico incidental em 2016 de grandes massas adrenais e que manteve seguimento clínico irregular. Oligossintomático, referia dores abdominais eventuais, discretas, sensação de plenitude gástrica, apresentava hipertensão arterial leve e obesidade grau II. Em outubro de 2021 evoluiu com quadro clínico de intensas dores abdominais, foi avaliado com tomografia do abdome que identificou lesões adrenais bem delimitadas, com intensa vascularização arterial colateral, medindo 11,7 x 6,1 cm à esquerda e 6,8 x 6,3 cm à direita, além da presença de volumoso hematoma circunjacente à lesão esquerda e que ocupava todo o espaço perirrenal. Recebeu medidas de suporte clínico com estabilização do quadro. Encaminhado para nosso serviço, foi submetido a embolização das artérias da lesão, com boa evolução. Indicada adrenalectomia bilateral.
Resultados
Durante a programação pré-operatória foram realizados exames laboratoriais que constataram elevação de sulfato de dehidroepiandrosterona (1.543 mcg/dl), catecolaminas urinárias (1.042,2 mcg/24 hs), metanefrinas urinárias (superior a 1.000 mcg/24 hs), e renina (334,1 uUI/ml). Cortisol salivar e testosterona total normais. Paciente foi submetido a bloqueio alfa adrenérgico previamente à cirurgia, sendo optado por realizar as ressecções das unidades em tempos separados para evitar depleção hormonal abrupta. Ambas as adrenalectomias foram realizadas por via aberta, cujo anátomo-patológico revelou carcinoma adrenocortical Furhman 4. O estudo imuno-histoquímico com Ki-67 revelou índice proliferativo menor que 1%.
Conclusão
As neoplasias adrenais, especialmente as muito volumosas como o presente caso, habitualmente evoluem de forma rápida para estádios metastáticos, sendo a sobrevida em 5 anos de 44% no estádio III e apenas 7% no estádio IV. O paciente em questão, no entanto, permaneceu por anos com sua neoplasia em estádio II e, ao que tudo indica, foi curado somente com o tratamento cirúrgico, sem terapia adjuvante.
Área
Uro-Oncologia
Instituições
Centro Médico Campinas - São Paulo - Brasil
Autores
PEDRO DAMETTO NETO, RICARDO MIYAOKA, ADRIANO ÂNGELO CINTRA, LUIZ GUSTAVO TEIXEIRA BRANDÃO, WILLIAN LIMA RODRIGUES, MARCOS EDIGAR DE ALMEIDA, CÁSSIO LUIZ ZANETTINI RICCETTO