Dados do Trabalho

Título

Fístula vesicouterina com migração fetal: Uma revisão bibliográfica e apresentação de um caso.

Introdução e Objetivo

A fístula vesicouterina é uma comunicação anormal entre a bexiga e útero. Apesar de ser uma condição incomum, representando 1 a 4% de todas as fistula urogenitais, sua prevalência está aumentando devido ao maior número de cesáreas. Casos de migração do feto pelo trajeto fistuloso são raros. Neste estudo, foi relatado o caso de uma paciente que apresentou esta condição e foi realizado revisão bibliográfica sobre o assunto.

Método

Revisão bibliográfica consultando as bases de dados MEDLINE e LILACS por meio do PUBMED e BVS, utilizando as palavras-chave “vesicouterine fistula”, “vesical pregnancy” e “fetus in bladder”. Foi encontrado apenas 8 casos descritos de fístula vesicouterina. O relato de caso foi realizado após o consentimento da paciente, utilizando dados do prontuário e registo de multimídia durante a condução do caso.

Resultados

Mulher de 38 anos com 2 cesáreas prévias foi encaminhada com dor pélvica associada a hematúria e eliminação de fragmentos teciduais na urina. Durante a manobra de Valsalva, exteriorizou-se um membro superior fetal pela uretra. A ultrassonografia revelou imagem sugestiva de um feto sem vida de 13 semanas no interior da bexiga. A cistoscopia confirmou a presença de um feto, bem como orifício fistuloso na parede vesical posterior, que permitia a transposição do aparelho para o interior da cavidade uterina. Foi realizado laparotomia infra-umbilical, com abertura da bexiga e remoção dos restos fetais. O trajeto fistuloso foi excisado e suturado em dois planos. A paciente apresentou boa evolução pós-operatória e recebeu alta no 5º dia. A fístula vesicouterina é uma condição rara que pode se manifestar com hematúria cíclica, amenorreia, incontinência urinária e abortamento de repetição. Após uma revisão ampla da literatura, identificamos apenas 8 casos semelhantes ao nosso. Em todos eles, havia o relato de cesariana prévia. O diagnóstico é baseado na demonstração imaginológica de uma comunicação fistulosa entre a bexiga e o útero. Em fístulas pequenas diagnosticadas logo após o parto, a drenagem vesical contínua, antibioticoterapia e terapia hormonal contraceptiva para induzir a amenorreia pode resultar no fechamento espontâneo. Contudo, o reparo cirúrgico é o método terapêutico mais eficaz.

Conclusão

A fístula vesicouterina é uma condição rara, mas que deve ser lembrada ao avaliar pacientes que apresentam hematúria cíclica ou incontinência urinária após a cesariana.