Dados do Trabalho
Título
CRIPTORQUIDIA: ANALISE EPIDEMIOLOGICA DOS CASOS NO BRASIL
Introdução e Objetivo
A criptorquidia ou testículo não descido é uma alteração genital comum. Caracteriza-se pelo deslocamento incompleto, durante a fase intrauterina, dos testículos da cavidade intra-abdominal para a bolsa testicular, apresentando-se como uni ou bilateral. O diagnóstico é clínico e alguns fatores associados são prematuridade e baixo peso ao nascer. A criptorquidia pode resultar em consequências graves como infertilidade masculina e câncer testicular. Objetivo: descrever o panorama epidemiológico dos casos de criptorquidia congênita no Brasil.
Método
Estudo epidemiológico, baseado em dados de casos de criptorquidia congênita no Brasil, obtidos na plataforma do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), de 2012 a 2021, no Brasil.
Resultados
No período, foram notificados 4.339 casos de criptorquidia congênita no Brasil, que representou 18,9% das anomalias congênitas do aparelho geniturinário. O Sudeste e Nordeste foram as regiões com os maiores números, respondendo por 52,1% e 27,1%, nessa ordem. Já os estados com mais casos foram São Paulo (38,4%), Ceará (6,5%), Minas Gerais (5,2%), Santa Catarina (4,9%) e Rio Grande do Sul (4,7%). Sobre a lateralidade, 61,6% eram unilaterais. Quanto ao perfil dos meninos nascidos com criptorquidia, 59,8% eram pretos/pardos e 3,0% tinham peso ao nascer inferior a 1.500 gramas. No que diz respeito a avaliação imediata do recém-nascido, 81,0% e 95,1% apresentavam escore de Apgar maior que 7, respectivamente, no primeiro minuto e no quinto minuto. Sobre as genitoras, 15,1% tinham menos de 20 anos, 38,4% tinham 30 anos ou mais, 55,4% estavam em união estável e 82,8% tinham 8 anos ou mais de estudo. O pré-natal foi categorizado como não adequado em 27,5% dos casos e 30,1% tiveram apenas 6, menos ou nenhuma consulta. Quanto a gestação, 81,9% duraram 37 semanas ou mais, 97,4% foi gravidez única e 57,9% nasceram de parto cesáreo. Por fim, entre 2012 e 2021, 74,3% dos casos de criptorquidia, em menores de 1 ano, necessitaram de internamento, para provável abordagem cirúrgica. Os custos com estas hospitalizações totalizaram R$ 1.805.080,11.
Conclusão
O Brasil apresentou uma relevante prevalência de criptorquidia. Não houve predominância de baixo peso ao nascer e prematuridade entre os casos. Foi observado um custo elevado com os internamentos. Diante do panorama, é imprescindível uma abordagem terapêutica baseada em evidências, com intervenções oportunas e precoces, como a correção cirúrgica, de modo a reduzir desfechos não favoráveis a longo prazo, bem como implementação do pré-natal.
Área
Urologia Pediátrica
Instituições
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB - Bahia - Brasil
Autores
VINICIUS NASCIMENTO DOS SANTOS, HUMBERTO FRANÇA FERRAZ DE OLIVEIRA