39° Congresso Brasileiro de Urologia

Dados do Trabalho


Título

CANCER DE PENIS E AMPUTAÇAO PENIANA: UMA ANALISE EPIDEMIOLOGICA

Introdução e Objetivo

Câncer de pênis é uma neoplasia maligna rara, contudo com relevante morbimortalidade, sendo a amputação peniana um desfecho do diagnóstico tardio. Intimamente associado à má higiene íntima, infecção pelo papilomavírus humano (HPV) e a não circuncisão. Objetivou-se analisar o cenário epidemiológico dos casos de câncer de pênis e das amputações penianas oncológicas no Brasil.

Método

Estudo epidemiológico, baseado em dados de casos de câncer de pênis e das amputações penianas oncológicas, obtidos no Sistema de Informações de Câncer e no Sistema de Informações Hospitalares do SUS, do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, de 2013 a 2022, no Brasil.

Resultados

Foram registrados 6.625 novos casos de câncer de pênis no Brasil. O Sudeste, Nordeste e Sul corresponderam, respectivamente, por 35,3%, 31,1% e 17,1% dos casos de câncer de pênis no país. Os estados com mais casos foram São Paulo (16,5%), Minas Gerais (12,5%), Bahia (8,0%), Paraná (7,1%) e Rio Grande do Sul (6,6%). Sobre a idade, 76,3% tinham 50 anos ou mais. As modalidades terapêuticas adotadas foram cirurgia (66,8%), quimioterapia (22,1%), radioterapia (10,8%) e ambas (0,3%). Apenas 25,2% dos casos tinham informação quanto ao estadiamento, desses 83,4% foram classificados como estágio III ou IV. A média de óbitos foi de 432 casos por ano. No que diz respeito das amputações penianas oncológicas, entre 2013 e 2023, foram realizadas 6.323 cirurgias. A maioria dessas amputações ocorreram no Sudeste (40,7%) e Nordeste (29,0%). Já os estados com mais amputações foram São Paulo (18,4%), Minas Gerais (13,6%), Paraná (8,4%), Ceará (6,2%) e Rio de Janeiro (5,8%). A média de permanência hospitalar e a taxa de mortalidade foram, nessa ordem, 3,8 dias e 0,4 (por 100.000 homens). Os custos com as amputações oncológicas totalizaram R$ 7.358.616,50.

Conclusão

Foi encontrado um número relevante de casos de câncer de pênis no Brasil, principalmente em homens com 50 anos ou mais. A amputação peniana foi um desfecho frequente, visto ser comum o diagnóstico em estágios avançados. A amputação peniana tem consequências físicas, sexuais e psicológicas ao homem, bem como altos custos para sistema de saúde. O diagnóstico precoce do câncer de pênis é um fator crucial para prognóstico favorável.  Além disso, para reduzir os casos de câncer de pênis e, consequentemente, amputações penianas de etiologia oncológica, é imprescindível estimular a população masculina à adoção de hábitos de higiene íntima adequada e regular, postectomia, estímulo ao uso do preservativo e vacina contra HPV.

Área

Uro-Oncologia

Instituições

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB - Bahia - Brasil

Autores

VINICIUS NASCIMENTO DOS SANTOS, HUMBERTO FRANÇA FERRAZ DE OLIVEIRA