Dados do Trabalho

Título

CORRELAÇAO ENTRE USO DO PENIS NAS RELAÇOES SEXUAIS E O DESEJO DE REDESIGNAÇAO SEXUAL OU ORQUIECTOMIA

Introdução e Objetivo

Entende-se por população transgênero homens trans, mulheres trans e travestis, a qual enfrenta uma incongruência entre seu sexo biológico e sua identidade de gênero. A consequência disso, muitas vezes é a disforia, sentimento de angústia e incômodo, com sua genitália.  Nesse processo, inúmeras técnicas cirúrgicas foram desenvolvidas a fim de adequar o fenótipo ao gênero pelo qual a pessoa se reconhece, visando diminuir os sintomas disfóricos e melhorar a qualidade de vida do paciente. Técnicas cirúrgicas como a redesignação sexual e orquiectomia podem ter repercussões nas práticas sexuais realizadas anteriormente por esses indivíduos, o que pode implicar no desejo ou não pela cirurgia. Nesse sentido, esse estudo objetiva correlacionar o desejo pela cirurgia de redesignação sexual ou orquiectomia com o uso do pênis nas práticas sexuais por mulheres trans e travestis atendidas em centro de referência na Bahia.

Método

Este foi um estudo de corte transversal em que os dados acerca do tipo de prática sexual realizada e cirurgia desejada foram coletados durante o atendimento médico ou resgatados do prontuário eletrônico de mulheres trans e travestis atendidas em dois centros de referência na Bahia. Três diferentes variáveis foram agrupadas como uso do pênis nas relações sexuais: sexo vaginal, sexo anal ativo e masturbação mútua.

Resultados

A prevalência total do desejo de redesignação sexual, entre as 69 mulheres trans e travestis avaliadas no estudo, foi de 65,22%. No grupo que não usava o pênis nas relações sexuais, 29 das 36 (80,56%) desejavam redesignação, enquanto que no grupo que usava, 16 das 33 (48,48%) (p < 0,01). Em relação à orquiectomia, a prevalência total de seu desejo foi de 7,25%. Nos grupos que não usavam e usavam o pênis sexualmente, respectivamente, a prevalência foi de 5,56% (2 das 36) e 9,09% (3 das 33).  

Conclusão

Neste estudo, a prevalência do desejo de redesignação sexual foi mais alta nos indivíduos que não usavam o pênis nas relações sexuais, mas um grande percentual dos que usam o pênis sexualmente nas relações ainda desejam a redesignação sexual. Não houve diferença no desejo de orquiectomia entre os dois grupos avaliados.