Dados do Trabalho

Título

PERFIL CLINICO DO ESTUDO URODINAMICO: UMA COMPARAÇAO ENTRE MULHERES INCONTINENTES ORIUNDAS DO SUS E DE CONVENIOS MEDICOS

Introdução e Objetivo

O exame urodinâmico é frequentemente utilizado na avaliação pré-operatória da incontinência urinária feminina. Contudo, pouco é sabido em relação às diferenças destas mulheres de acordo com o tipo de acesso. O objetivo do estudo foi comparar informações clínicas existentes entre pacientes oriundas do SUS e de convênios médicos. 

Método

1999 mulheres acima de 18 anos com queixa de incontinência urinária de esforço e capazes de realizar teste de esforço foram selecionadas da base de dados eletrônica do serviço entre agosto de 2015 e julho de 2021. Foram excluídas portadoras de doenças neurológicas como mielomeningocele, sequela de trauma raqui-medular e esclerose múltipla.

Resultados

Convênios médicos e o SUS representaram 35,4% (708) e 64,6% (1291) das pacientes. A idade não diferiu entre os grupos (ambos 52 anos) e o IMC foi menor entre mulheres com convênio médico (27,9 vs. 29,4; p=0,000). As pacientes provenientes do SUS, em relação às demais, tiveram mais gestações (3 vs. 2; p=0,000), mais filhos (3 vs. 2; p=0,000) e mais partos normais (2 vs. 1; p =0,000) que as demais.Hipertensão arterial estava presente em 38% das pacientes do SUS e em 32% nas de convênio médico (p=0,005). As pacientes de convênios eram menos frequentemente tabagistas ativas ou ex-tabagistas que as pacientes do SUS (17,5% vs. 28,8%; p=0,000). Do mesmo modo, pacientes provenientes do SUS fumavam mais cigarros por dia (8 vs. 10; p=0,021) e por mais tempo (12 anos vs. 15 anos; p=0,028). A proporção de cirurgias prévias anti-incontinência foi semelhante entre os grupos convênio e SUS (8,6% vs. 8,1%; p=0,708). A retocele foi mais comum nas pacientes oriundas do SUS (22,2% vs. 17,5%; p=0,014) e a frequência cistocele não diferiu entre elas.

Conclusão

Pacientes provenientes do SUS submetidas a estudo urodinâmico diferem em relação à sua saúde quando comparadas às usuárias de convênios médicos. Estes achados implicam na necessidade de maior atenção a saúde geral, além da própria incontinência urinária, nestas mulheres.