Dados do Trabalho
Título
HAMARTOMA CÍSTICO RETRORRETAL: UM RELATO DE CASO
Introdução
Os hamartomas císticos retrorretais (HCRR) são raros, caracterizando-se por uma lesão benigna. Seu potencial de malignidade é baixo (aproximadamente 7%). Originam-se, em sua maioria, por vestígios embriológicos remanescentes do intestino posterior que persistiram no desenvolvimento fetal. Além da origem congênita, os HCRR podem decorrer de processos inflamatórios locais crônicos. O HCRR é mais comum em mulheres de meia idade, com incidência entre 1:40000 e 1:63000. Nesse sentido, explica-se a predominância feminina devido as mulheres realizarem rotina ginecológica mais frequentemente.
Descrição
Paciente VCCP de 39 anos realiza US transvaginal por dor pélvica. Ao exame encontrou-se imagem cística multiloculada no espaço retrorretal, algumas lojas com conteúdo hipoecogênico e homogêneo em suspensão, noutras há conteúdo anecoico, apresenta reforço acústico posterior e captação de fluxo parietal e nos septos ao Doppler, medindo aproximadamente 7,6 x 5,6 x 7,9 cm. Foi realizada exérese cirúrgica da lesão e análise. O exame anatomopatológico revelou quadro compatível com HCRR, não sendo identificados elementos de malignidade ou de especificidade na amostra.
Discussão
O primeiro relato de tumor do espaço retroretal foi feito por Emmerich em 1847 e se tratava de um teratoma . Pela presença de estruturas embriológicas neste espaço, torna-se factível a formação de tumores benignos e malignos locais, de natureza notocordal, cloacal, neurogênica e outras. A persistência de vestígios embriológicos da chamada “cauda intestinal” dá origem as lesões. Normalmente são assintomáticos, tendo, portanto, detecção difícil e diagnóstico tardio, com incidência estimada em 1/40.000. Apenas os maiores podem causar efeitos de massa local, cursando com constipação intestinal, desconforto ao evacuar, dor lombossacral. Quando não tratado, complicações como abscessos ísquio‐anais, fístulas anorretais, sangramento, ou malignização podem ocorrer. Os achados ultrassonográficos são inespecíficos e a localização da lesão suscita a suspeita diagnóstica. Podem surgir como imagens císticas retrorretais uni ou multiloculadas, algumas vezes com ecos internos devido a presença de material mucóide ou debris inflamatórios. Faz-se importante o conhecimento desta lesão e seus diagnósticos diferenciais pelo ultrassonografista, reduzindo as complicações advindas do diagnóstico tardio.
Palavras Chave
Hamartoma, Ultrassonografia, Embriologia, Tumores retais, Diagnóstico por Imagem.
Área
Ultrassonografia em Ginecologia
Instituições
IMEDE - Minas Gerais - Brasil
Autores
Vanessa Cristina Fernandes Lopes , Aristóteles dos Santos Chaves, Georgia Toffolo Ribas, RAPHAEL MARIANO PELINSARI DE PAULA, JOYCE LUCIANA OLIVEIRA COSTA , Guilherme Ferreira Andrade, Natália Oliveira Marques, NATALIA ALVES FERNANDES , Letícia Ceccotti Ribeiro