Dados do Trabalho
Título
Pancreatite paraduodenal: um desafio diagnóstico em pacientes com dor abdominal.
Introdução
A pancreatite paraduodenal é uma causa rara de dor abdominal crônica e foi descrita como uma forma especial de pancreatite segmentar que ocorre no espaço pancreatoduodenal. Apesar dos avanços radiológicos, sua diferenciação com afecções tumorais como o adenocarcinoma da cabeça do pâncreas ainda é um desafio.
Descrição
Paciente do sexo masculino, 43 anos, etilista crônico, com dor abdominal há 01 ano, realizou uma RM de abdome superior e pelve com contraste, evidenciando aumento volumétrico da cabeça pancreática, associado a edema dos planos peripancreáticos, áreas de restrição a difusão e realce pós-contraste. Após 02 anos o paciente retorna com recorrência da dor abdominal e na TC de abdome superior com contraste, observou-se a presença de tecido irregular no sulco pancreatoduodenal, com imagens císticas de permeio e múltiplas calcificações grosseiras no parênquima pancreático, além de espessamento da segunda porção duodenal, com realce pós-contraste. Tais características, fortaleceram a hipótese de pancreatite do sulco como diagnóstico.
Discussão
Tal entidade é uma forma rara de pancreatite crônica que ocorre mais frequentemente em homens, durante a 4º/5º décadas de vida. Sua etiopatogenia ainda é obscura e os principais mecanismos sugeridos são a heterotopia pancreática no duodeno e variações anatômicas na área da papila menor. Além disso, muitos pacientes com essa condição têm histórico de uso abusivo de álcool, o que pode ser um fator precipitante para o seu desenvolvimento. Sua apresentação clínica é bastante variável, desde assintomática até dores abdominais, vômitos, perda de peso, icterícia e diarreia, com a sua evolução. As enzimas pancreáticas estão discretamente elevadas e os marcadores tumorais como CA 19.9 e CEA se encontram normais. Dentre os aspectos tomográficos que podem ser encontrados estão: espessamento focal da segunda porção duodenal, degeneração cística e tecido com densidade de partes moles, de forma “semelhante a folha”, com realce tardio ao meio de contraste. Na RM observa-se uma massa hipointensa em relação ao tecido pancreático em T1 e isointensa ou pouco hiperintensa em T2 localizada no sulco pancreatoduodenal. Há realce mínimo nas fases portal e arterial, com aumento na fase tardia devido ao tecido fibroso. A diferenciação do adenocarcinoma da cabeça do pâncreas é difícil, no entanto com os avanços nos métodos radiológicos, nota-se que os pacientes com todas as características descritas, raramente possuíam o diagnóstico neoplásico.
Palavras Chave
pancreatite paraduodenal, tomografia computadorizada, ressonância magnética, pancreatite crônica, adenocarcinoma pancreático
Área
Abdominal Gastrointestinal
Autores
Beatriz Albuquerque Oliveira, Marília Ambrósio Cavalcante Leitão, Narelle Maria Cavalcanti Couto, Karoline Gonçalves Novaes Fonsêca, Lucas Novais Bomfim