Dados do Trabalho
Título
Linfoma pós-transplante renal: Relato de caso
Introdução
Doenças linfoproliferativas pós-transplante (PTLD) são um grupo de complicações linfóides heterogêneas, que variam de proliferações policlonais indolentes a linfomas agressivos. É rara, está relacionada ao vírus Epstein-Barr (EBV) e à terapia imunossupressora. A incidência mundial de PTLD em receptores de transplante renal adulto é de 1 a 3%.
Descrição
Paciente do sexo masculino, 48 anos, histórico de transplante renal há 22 anos, com queixa de hematúria macroscópica. Ao exame notou-se massa palpável na fossa ilíaca direita e dor associada. Na ocasião, fazia uso de prednisona 5 mg e tacrolimo 1 mg. Realizada Ressonância Magnética de abdome que demonstrou lesão nodular sólida no rim transplantado, com restrição à difusão, de aspecto neoplásico e lesões nodulares extraperitoneais no flanco e na pelve homolaterais, sugestivas de disseminação secundária. As lesões foram consideradas compatíveis com neoplasia renal. Realizada biópsia do implante pélvico. A imunohistoquímica evidenciou linfoma de células B de alto grau, mais provável linfoma difuso de células B do tipo centro germinativo. As Tomografias Computadorizadas de Tórax e Abdome, não evidenciaram lesões secundárias. Cintilografia óssea sem evidências de metástases osteoblásticas. Sorologia EBV IgG reagente. Realizado PET-CT para estadiamento oncológico. Optou-se por preservar o enxerto renal e iniciar tratamento quimioterápico com esquema r-CHOP.
Discussão
Trata-se de ocorrência rara de PTLD extranodal de origem primária do enxerto renal com disseminação secundária extraperitoneal. O risco de linfoma não Hodgkin (LNH) em pacientes com PTLD é elevado e está associado à complicação pela terapia com imunossupressores. A biópsia do paciente evidenciou linfoma de células B de alto grau, um subtipo de LNH. As evidências atuais, porém, indicam um padrão de incidência bimodal da neoplasia, com um pico ocorrendo no primeiro ano pós-transplante e um segundo pico 4-5 anos após. Neste caso, o diagnóstico ocorreu 21 anos após o primeiro ano do transplante. Ademais, a PTLD de início tardio é menos associada ao EBV, o inverso do observado neste paciente. Salienta-se a necessidade de manter a suspeita diagnóstica de PTLD mesmo após os primeiros 12 meses pós-transplante renal em pacientes imunossuprimidos e EBV reagente. Os radiologistas desempenham papel essencial no diagnóstico e acompanhamento dessas neoplasias, possibilitando a instituição de tratamento clínico que permita preservar o enxerto.
Palavras Chave
Transtornos linfoproliferativos; Transplante renal; Imunossupressores; Vírus Epstein-Barr; Linfoma de células B.
Área
Abdominal Geniturinário
Instituições
Rede Mater Dei de Saúde - Minas Gerais - Brasil
Autores
Carolina Pimentel Orsini, Lucas Ferreira Avelar, Gabriela Seabra Freitas, Raphael Guedes Andrade, Fabiana Paiva Martins