Dados do Trabalho
Título
Reclassificação dos cistos renais com base na proposta de Bosniak 2019
Introdução
A classificação de Bosniak surgiu em 1986 e é utilizada para estratificação de risco de malignidade de lesões císticas renais. Desde então, houve adequações dos critérios propostos e das formas de categorização das lesões. A atualização lançada em 2019 tem como proposta padronizar achados para melhorar a acurácia diagnóstica e concordância interobservador. Dentre os aspectos avaliados estão a presença de septos e sua espessura, o realce pelo contraste e os nódulos septais. Esse estudo objetiva avaliar as mudanças na classificação dos cistos ao basear a análise de exames realizados até 2018 na atualização de 2019.
Casuística e Métodos
Foram avaliadas tomografias realizadas até 2018. Na ferramenta de pesquisa do PACS utilizou-se os filtros “Tomografia computadorizada” e “Bosniak". Os critérios de exclusão foram: exames apenas com cistos Bosniak I, lesões sólidas, exames sem contraste, sem laudo ou de seguimento.
Resultados
Foram obtidas 168 TCs realizadas entre 14/08/13 e 27/12/18, destas 116 haviam sido inicialmente categorizadas como Bosniak II, 30 como IIF, 14 como III e 9 como IV. Dentre os classificados como Bosniak IV, não houve mudanças de categoria. Dos 14 cistos Bosniak III, 10 foram reclassificados, sendo apenas 1 considerado categoria IV, de modo que 64,2% dos cistos foram considerados categoria inferior (6 como IIF e 3 como II). Observou-se que para a categoria III a espessura dos septos foi o critério de todas as reclassificações. Dos 30 cistos Bosniak IIF, 18 foram reclassificados, sendo que apenas 1 passou a ser categoria III e 17 (56,6%) foram considerados categoria II (9 tiveram a espessura como critério). Dos classificados como II, 10 (8,6%) foram elevados a IIF, sendo 5 com base na espessura dos septos e 5 com base no número.
Conclusões
Os avanços tecnológicos e melhorias dos métodos de diagnóstico por imagem exigem constante adaptação de parâmetros de avaliação de atualização do aprendizado médico. O presente estudo demonstra que tais mudanças de padronização podem impactar significativamente no desfecho dos pacientes e, nesse caso de reclassificação de cistos renais, poderiam indicar conduta conservadora em 64,2% dos pacientes que tinham cistos inicialmente classificados como Bosniak III. A correlação entre o anatomopatológico das peças cirúrgicas com o presente estudo se torna peça chave para melhor avaliação da acurácia diagnóstica da classificação atual para lesões renais císticas, sendo tópico relevante para pesquisas futuras.
Palavras Chave
Cisto renal; Bosniak; Tomografia computadorizada; Neoplasia; Urologia.
Área
Abdominal Geniturinário
Instituições
Universidade Federal de Santa Maria - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Camila Piovesan Wiethan, Carlos Jesus Pereira Haygert, Felipe Welter Langer, Lucas de Carvalho Leitão, Sigriny Victória Rezer Bertão, Lorenzo Abruzzi Dias, Henrique Ozorio Cassol, William Uhlmann, Gabriel Pozzobon