Dados do Trabalho


Título

Fístula Broncobiliar secundária a estenose de via biliar

Introdução

A fístula broncobiliar é uma condição clínica que resulta de uma comunicação anormal entre o trato biliar e a árvore brônquica. Caracteriza-se pela presença de bile no escarro (bilioptise) como sintoma patognomônico e pode se manifestar também com febre e icterícia, dispneia, dor abdominal, tosse irritante e pneumonia. Tal patologia é extremamente rara e merece ser reconhecida pela comunidade científica, visando o estreitamento diagnóstico e minimizando os efeitos deletérios.

Descrição

Paciente feminina, 45 anos, com queixas de tosse produtiva crônica, expectoração de moderada quantidade de material esverdeado compatível com secreções biliares, perda ponderal e febre iniciados meses após colecistectomia. Foram realizadas a Tomografia Computadorizada (TC) de Tórax e Abdome e a Colangiografia por Ressonância Magnética (MRC), que evidenciaram um trajeto fistuloso conectando a consolidação pulmonar e a via biliar intra-hepática, bem como afilamento do ducto hepático comum e dilatação das vias biliares intra-hepáticas. Os achados de imagem, associados a história clínica, conduziram para o diagnóstico de fístula biliopulmonar.

Discussão

A fístula broncobiliar pode ser causada por infecções, cirurgia hepatobiliar, traumatismos contusos e tumores, e pode complicar com pneumonite química e bacteriana recorrentes. A Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica, a TC e a MRC são as modalidades de imagem mais comumente empregadas. Em nosso caso, a TC de tórax e abdome revelou uma consolidação em lobo pulmonar inferior direito e dilatação de vias biliares intra-hepáticas. Já a MRC demonstrou uma fístula transdiafragmática comunicando o trato biliar e a árvore brônquica e uma estenose no ducto hepático comum. Os diagnósticos diferenciais incluem fístula pleurobiliar e outras massas/espessamento hepático ou pulmonar. O tratamento requer a remoção da obstrução distal, redução do fluxo através da fístula ou excisão da fístula. Nesta paciente, os sintomas foram diminuídos após uma drenagem biliar bem-sucedida. Em conclusão, a extensão transdiafragmática pode ter sido causada pela permeação da inflamação subdiafragmática após cirurgia e a MRC revela tanto um diagnóstico definitivo como informações anatômicas e funcionais sobre a árvore e o fluxo biliares para planejar o tratamento.

Palavras Chave

fístula broncobiliar; bilioptise; estenose; via biliar; colecistectomia;

Área

Abdominal Gastrointestinal

Autores

Felipe Batista Rodrigues, Murilo Bucci Vega, Gabriela Ferreira Bailão, Fábio Mikio Hara, Eloy Theodoro Jose do Prado, José Eduardo Mourão Morais, John Nascimento Conceição, Arthur Aiolfi Guimarães, Maria Regina Carraro