Dados do Trabalho
Título
FASCEÍTE NECROTIZANTE APÓS BIÓPSIA DE LINFONODO CERVICAL
Introdução
Fasceíte necrotizante é uma infecção bacteriana rapidamente progressiva e invasiva, atingindo desde o tecido subcutâneo até a fáscia muscular. Pode ser classificada em três tipos de acordo com o agente etiológico. No início pode ser indistinta de uma celulite, sendo o diagnóstico tardio um fator de péssimo prognóstico. A abordagem cirúrgica é essencial e deve ser instituída precocemente. No caso relatado a seguir, o exame de ultrassom foi decisivo no diagnóstico.
Descrição
Paciente masculino, 8 anos e 4 meses, com dor cervical e abaulamento próximo ao ângulo esquerdo da mandíbula há 1 mês, sem febre ou sintomas gripais associados.
O exame laboratorial apresentava leucocitose sem bastões e o raio X de tórax não tinha alterações significativas. Prosseguiu-se a investigação com ultrassonografia cervical, a qual evidenciou linfonodo submandibular esquerdo de dimensões aumentadas, com hilo gorduroso e vascularização hilar preservados. Apesar dos achados indicarem um linfonodo reacional, foi descrita perda arquitetural no laudo. Uma biópsia incisional via ambulatorial foi realizada. O paciente evoluiu no primeiro dia com progressivo edema e dor cervical, mal estar e prostração. Um novo ultrassom foi feito, observando-se focos hiperecogênicos intramusculares e em planos profundos do pescoço, compatíveis com gás, que associados à toxemia precoce do paciente levantaram a hipótese de fasceíte necrotizante.
O paciente foi internado e iniciado antibiótico endovenoso, evoluindo ainda assim com piora clínica importante, sendo transferido para UTI e necessitando de drogas vasoativas.
O edema se estendeu por todo o pescoço, face e região superior do tórax, com crepitação à palpação e saída de secreção purulenta. Após discussão, a equipe de cirurgia pediátrica resolveu debridar a ferida, encontrando grande quantidade de gás, focos de necrose e secreção purulenta. Foi colocado dreno de Penrose, observando melhora clínica rápida e importante, com suspensão das drogas vasoativas 12 horas após.
Discussão
A fasceíte necrotizante é grave e pode evoluir rapidamente. A identificação do agente etiológico ajuda na classificação do seu subtipo, mas independente disso o tratamento cirúrgico com debridamento do tecido é essencial. Os exames de imagem podem ter papel fundamental no diagnóstico precoce, principalmente ao se observar a presença de gás no tecido subcutâneo e intramuscular. No caso relatado, este achado foi importante para definir a conduta e ter melhor prognóstico num quadro de choque séptico.
Palavras Chave
Fasceite necrotizante ; biópsia ; pediatria ; ultrassom ; choque séptico
Área
Pediatria (incluindo USG pediátrico)
Instituições
Hospital Infantil Joana de Gusmão - Santa Catarina - Brasil
Autores
Jéssica Andrade, André Luiz Alves, André Santos Felippe, Carolina Galhós de Aguiar, Luiza Maes Manara, Rodrigo Vieira Ozelame