Dados do Trabalho
Título
Acidente vascular encefálico em paciente com persistência da artéria trigeminal: Relato de caso
Introdução
A persistência da artéria trigeminal normalmente é um achado incidental, representa cerca de 85% das anastomoses embrionárias entre os sistemas vertebrobasilar e carotídeo, origina-se entre os segmentos petroso e cavernoso da artéria carótida interna e une-se à artéria basilar entre as origens das artérias cerebelares ântero-inferiores e das artérias cerebelares superiores. Ocorrem duas variantes principais, classificadas em Saltzman tipo1 e tipo 2. É de suma importância o conhecimento e relevância clínica de variantes normais, como os padrões fetais das artérias cerebrais e suas associações com outras anomalias vasculares cerebrais, assim desempenhando um papel crucial no diagnóstico do acidente vascular cerebral agudo.
Descrição
Paciente do sexo feminino, 63 anos, diabética, hipertensa, admitida com náuseas e vômitos, evoluindo com perda de força em dimídio esquerdo e disartria, sendo submetida a tomografia e angio-tomografia de crânio, apresentando pequena isquemia crônica em giro pós central direito e irregularidade em terço médio da artéria basilar, sem obstrução visível, sugerindo prosseguir investigação. Encaminhada para uti, já sem déficit neurológico - NIHSS 0, ASPECTS 10.
Discussão
A primeira tomografia demonstrou um acidente vascular encefálico crônico no giro pós central direito, com o novo ictus demonstrado no estudo de ressonância e angioressonância, ficaram evidentes as novas localizações dos insultos isquêmicos, usualmente em território suprido pelo sistema vértebro-basilar, em exames subsequentes demonstraram que na verdade, tratava-se de isquemia secundária a trombo em vaso caracterizado com persistente de circulação fetal, o que poderia dificultar o diagnóstico em caso de desconhecimento desse tipo de variação. A persistência de padrão vascular fetal, pode servir como mecanismo de proteção do polígono de Willis, porém nesse caso, foi demonstrando a causa da síndrome vertebrobasilar. Mesmo com a obstrução do principal ramo de irrigação posterior, nota-se que os insultos isquêmicos não foram tão graves, já que a paciente recebeu alta sem sequelas, achado que provavelmente deve estar relacionados a ramos arteriais colaterais. O reconhecimento da anatomia vascular e suas variantes anatômicas são de extrema importância para reconhecer padrões atípicos de isquemia aguda ou mesmo apresentação clínica atípica dos casos de acidente vascular encefálico agudo, isso pode ser crucial no manejo clínico do paciente.
Palavras Chave
Acidente vascular encefálico, Radiologia, Sistema vascular, Angiogênese, Anatomia.
Área
Neurorradiologia
Autores
ARMANDO GUSTAVO MOURA MONTEIRO, BÁRBARA TRAVASSOS BANDEIRA, CARLOS WILLIAM RODRIGUES LIMA, Daniel Lopes de Oliveira, FERNANDA CRISTINA VERÇOSA PACHECO, JOÃO VITOR DE OMENA SOUZA COSTA, LAÍS DE MACEDO ROCHA, MARINA MASONY DE SENA SILVA, MARÍLIA GABRIELA DE BARROS LIMA