Dados do Trabalho


Título

Incrustação de cateter Duplo J - Relato de casos

Introdução

O cateter duplo J (CDJ) é utilizado na prática urológica com fim de manter a permeabilidade da via urinária por um tempo médio de uso de 6 semanas. Após este tempo, pode evoluir com pielite crônica, hidronefrose, afilamento do córtex renal, incrustação, fragmentação (3 a 10%) e migração do stent.
Mesmo se removidos em tempo adequado, pode haver discreta incrustação em 9,2% dos casos, aumentando a incidência e grau de apresentação para 47,5% se retirado entre 6 e 12 semanas e 76,3% após 12 semanas.
O objetivo deste trabalho é demonstrar dois relatos de caso de incrustação do CDJ devido uso prolongado, e a importância deste reconhecimento pelo radiologista, diante das diferentes abordagens cirúrgicas possíveis.

Descrição

Caso 1: Feminina, 32 anos, situação carcerária, perda do seguimento por 2 anos.
Rx abdome com CDJ calcificado. TC abdome com CDJ, calcificações adjacentes, pielite crônica. Reação inflamatória vesical.
Caso 2: Feminina, 28 anos, drogadicta, perda de seguimento por 3 anos.
RX abdome: CDJ calcificado, fragmentação e migração distal. TC abdome: hidronefrose, pieloureterite, calcificações grosseiras e afilamento do córtex renal difuso.
Imagens em 3D com calcificações adjacentes ao cateter de ambos os casos.

Discussão

A incrustação do cateter pode iniciar em poucos dias da sua instalação. Fatores como predisposição genética para formação de cálculos, presença de bactérias produtoras de urease e tempo de permanência do dispositivo estão envolvidos, e sua fisiopatologia envolve a formação do biofilme por bactérias presentes na via de excreção urinária.
Os achados de imagem incluem calcificações finas ou grosseiras circunjacentes ao trajeto do CDJ, espessamento parietal pielocalicinal com edema da gordura. Pode haver cálculos urinários sobrepostos. Frequentemente, há retardo da concentração e excreção do meio de contraste.
O desfecho inclui necessidade cirúrgica, como cistolitotripsia transuretral, cistostomia, ureteroscopia, nefrolitotomia percutânea e cirurgia aberta.
Faz-se necessário o acompanhamento do paciente, pois a descontinuidade do tratamento pode implicar em complicações que interferem na sua morbimortalidade, como incrustação, fragmentação do dispositivo, lesões adjacentes e alterações renais irreversíveis. É função do radiologista no contexto do uso prolongado do CDJ, realizar a busca ativa por incrustação dentre as possíveis complicações.

Palavras Chave

cateter duplo j, incrustação, complicações, calcificação, pielite.

Área

Abdominal Geniturinário

Instituições

HOSPITAL PUC CAMPINAS CELSO PIERRO - São Paulo - Brasil

Autores

LAHIS RENATA DA SILVA PAIVA, BIANCA FROTA FARIAS DE FRANÇA, CINTIA MARIA BORGES LEAL, JULIANA BITTENCOURT SALVIANO, BIANCA TIEMY KRETCHETOFF, GIULIA SOARES GONÇALVES, MARIANA CAVALCANTI MELLO, MATEUS ALVES DE MELO, EDUARDO ALVES FERREIRA MARTINS