Dados do Trabalho
Título
Perfuração intestinal por ingestão alimentar de corpo estranho: Relato de caso
Introdução
A ingestão acidental de corpo estranho junto com a alimentação é um problema clínico comum nos serviços de atendimento de emergência. A maior parte dos corpos estranhos deglutidos transita no trato gastrintestinal sem consequências num período de até uma semana. No entanto, em até 1% dos casos ocorre perfuração em algum ponto do trajeto gastrintestinal. A perfuração do trato gastrintestinal é mais comum no caso de corpos estranhos pontiagudos e alongados, como espinha de peixe, osso de galinha e palito de dente, ocorrendo principalmente no intestino delgado, em pontos de angulações ou estreitamentos fisiológicos.
A apresentação clínica é variada e muitas vezes representa um desafio diagnóstico. Os pacientes geralmente não referem a ingestão de um corpo estranho, o que retarda o diagnóstico e cria confusão com outras possibilidades diagnósticas.
Espinha de peixe é a causa mais comum de perfuração do trato gastrintestinal, por ingestão acidental, porém depende dos hábitos alimentares de cada população. Geralmente, esses pacientes se apresentam nos serviços de emergência com quadro de abdome agudo, que pode incluir dor abdominal, náusea, vômitos, febre, peritonite, abscesso, fístula, obstrução intestinal e hemorragia gastrintestinal.
Descrição
Paciente N.D.S.M, 75 anos, feminino, refere à admissão dor difusa e intensa em todo abdome, predomindando em fossa ilíaca direita. Sintomas iniciaram há 03 dias, associados a náuseas, vômitos e hiporexia, sem achados justificáveis em propedêutica realizada com ultrassonografia de abdome total.
Submetida à tomografia de abdome e pelve com contraste, evidenciando sinais de pneumoperitônio e imagem linear hiperdensa localizada em terço médio de íleo, com componente extraluminal, podendo corresponder a espinha de peixe, determinando perfuração intestinal.
Discussão
Os pacientes geralmente não relatam a possibilidade de ingestão de um corpo estranho, o qual, associado a um quadro clínico muitas vezes confuso, faz com que o diagnóstico seja um desafio, e não raramente, tardio. A população mais suscetível a ingestão de corpo estranho são os idosos, usuários de dentaduras, alcoólatras e pacientes psiquiátricos. A presença de dentaduras reduz a sensibilidade tátil do palato, reduzindo, desta maneira, a capacidade de perceber pequenos objetos na cavidade oral, estando relacionada a até 80% dos casos de ingestão acidental de corpo estranho alimentar.
Palavras Chave
PERFURAÇÃO INTESTINAL - ESPINHA DE PEIXE - CORPO ESTRANHO - PNEUMOPERITÔNIO - TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
Área
Abdominal Gastrointestinal
Instituições
HUCAM - UFES - Espírito Santo - Brasil
Autores
Letícia Arantes Fiorilo Pelegrine, Ricardo Andrade Fernandes de Mello