Dados do Trabalho
Título
Adenocarcinoma Hepatoide Pulmonar: Relato de Caso
Introdução
Os adenocarcinomas hepatoides (HACs) são caracterizados por tumores extra-hepáticos que possuem aspectos semelhantes ao hepatocarcinoma (HCC), tendo relatos em diversos orgãos, sendo o mais comum o estômago (63%), seguido por ovários (10%), pulmão (5%), vesícula biliar (4%), pâncreas (4%) e útero (4%).
O HAC pulmonar é um tumor maligno raro, com apenas 36 casos descritos na literatura. Possui predominância em homens (92%) na sexta década de vida, com forte associação ao tabagismo.
Descrição
Paciente feminina, 48 anos, não tabagista, com queixa de dor em região de hemitórax à direita com irradiação para membro superior ipsilateral há 3 meses. Referia também tosse e dispneia eventuais, além de perda de 10 Kg no período. Apresentava biópsia externa de massa pulmonar à direita com anatomopatológico inconclusivo de “adenocarcinoma pouco diferenciado sem sítio determinado”. Encaminhada para nossa unidade para novo estadiamento e revisão das lâminas.
Realizou tomografia, cujo laudo evidenciava volumosa formação expansiva neoplásica, heterogênea, hipervascular, localizada no terço médio do pulmão direito, posteriormente, medindo 10,6 cm no maior diâmetro. Associava-se à erosão de arcos costais e obliteração de neuroforames, com sinais de compressão medular.
Foi contraindicada abordagem cirúrgica, devido à irressecabilidade e invasão locorregional da lesão. A paciente realizou radioterapia antiálgica em 10 sessões, seguida de quimioterapia.
Discussão
O HAC pulmonar é um tumor maligno raro com diferenciação hepatocelular aberrante, com características anatomo-radiológicas similares ao HCC. A apresentação radiológica do tumor inclui uma grande massa solitária, volumosa, com realce na fase arterial, seguida de “washout”, em semelhança ao HCC. Ao diagnóstico, a grande maioria dos pacientes apresenta metástases com prognóstico reservado.
Caracteristicamente, os tumores apresentam morfologia hepatocelular com produção de alfafetoproteína, assim como o HCC. A imunoistoquímica é essencial no diagnóstico, notando-se positividade para os marcadores HepPar-1 /Hepatocyte, TTF1 e CK7 (padrão citoplasmático), assim como no caso relatado.
O tratamento cirúrgico precoce, com ou sem radioterapia e quimioterapia adjuvantes, é considerado o mais eficaz, resultando em um prognóstico mais favorável. Entretanto, mais estudos são necessários para desenvolver novos tratamentos para esta rara doença, melhorando sua morbimortalidade, tornando relevante o diagnóstico radiológico desta patologia.
Palavras Chave
neoplasia hepatoide pulmonar; correlação anatomo-radiológica; hepatocarcinoma; quadro clínico; tratamento.
Área
Tórax
Autores
Adriana Ferreira Araújo, Ana Karina Nascimento Borges Junqueira Netto, Belisario Antonio Roncallo Kelsey, Bruna Evelin Reis Almeida, Felipe Furtado Leite, Maria Carolina Steski Campos, Patrícia Martins Baviera, Saulo Aires Oliveira