Dados do Trabalho
Título
Relato de caso: poliorquidia ou abscesso paratesticular
Introdução
Poliorquidismo é a presença de três testículos ou mais e existem cerca de 200 casos na literatura médica. Antigamente, o tratamento cirúrgico era realizado, mas o desenvolvimento de tecnologias de imagem possibilita abordagem menos agressiva. Desta forma, é importante que casos de investigação desta patologia sejam relatados.
Descrição
Paciente masculino, 62 anos, em tratamento para leucemia mieloide aguda, internado 2 meses após transplante de medula óssea para investigação de abaulamento inguinal à direita e aumento da bolsa escrotal. Paciente afebril, no exame abdominal apresentou abaulamento na região inguinal direita, indolor, sem sinais flogísticos, sem alteração à manobra de valsalva e irredutível. Relatou disúria e redução do jato miccional, negou hematúria. Ultrassonografia (US) de bolsa escrotal com Doppler evidenciou, no aspecto inferior, estrutura hipoecogênica, arredondada, de margens regulares e características sonográficas semelhantes às do parênquima testicular habitual, incluindo epidídimo no seu aspecto superior, sugerindo testículo supranumerário (poliorquidia). Para esclarecer os achados, foi solicitada ressonância magnética (RM) da região pélvica, que evidenciou coleções pélvicas alongadas com realce periférico ao meio de contraste e restrição à difusão, uma estendendo-se desde o tecido celular subcutâneo inguinal direito até a região perineal ipsilateral, e outra nas partes adjacentes à hemibolsa escrotal direita, determinando impressão na mesma, com deslocamento inferoanterior do testículo homolateral, medindo respectivamente 17,1 x 5,4 x 1,4cm (volume de 67,2cm³) e 6,2 x 3,2 x 2,8cm (volume de 28,8cm³). Assim, foram diagnosticadas coleções subcutâneas inguinoescrotais/perineais à direita, sugestivas de abscessos, descartando o diagnóstico de poliquidia. A conduta final foi drenagem do abscesso.
Discussão
O poliorquidismo geralmente tem diagnóstico incidental, quando o paciente é submetido a exames de imagem ou cirurgia por algum outro motivo. Embora não haja evidências suficientes nas diferentes etapas da investigação desses pacientes, esse distúrbio geralmente é benigno, não necessitando nenhuma intervenção. Neste caso havia queixa de abaulamento inguinal à direita e aumento da bolsa escrotal, que foi inicialmente avaliado por US, constatando, assim, suspeita de poliorquidia. Já em um segundo momento, um exame de RM de região pélvica não confirmou o diagnóstico de poliorquidia, mas sim de abscesso paratesticular.
Palavras Chave
Abscesso paratesticular; Poliorquidia; Ultrassonografia; Ressonância Magnética; Radiologia.
Área
Ultrassonografia Geral
Instituições
Universidade Federal de Santa Maria - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Lorenzo Abruzzi Dias, Karen Regina Gaboardi, Camila Piovesan Wiethan, Sigriny Victória Rezer Bertão, Carlos Jesus Pereira Haygert