Dados do Trabalho


Título

Trombose de veia gonadal: um diagnóstico diferencial de apendicite no puerpério

Introdução

Gestação e puerpério são estados pró-trombóticos, tornando a trombose um diagnóstico a ser considerado. A veia gonadal, apesar de infrequentemente acometida, nessa população tem incidência de 1:600 a 1:2000 partos e cursa com dor no abdome inferior. Apendicite é a principal causa de abdome agudo e, portanto é indispensável excluí-la. Devido a apresentação atípica, o estudo de imagem é recomendando. No entanto, a ultrassonografia pode ser inconclusiva, sendo necessário complementação com outros estudos.

Descrição

Puérpera,4° dia pós cesariana, com dor em varizes na região inguinal direita irradiando para membro inferior. Ao exame físico, região inguinal direita com cordão varicoso volumoso doloroso a palpação. Membros inferiores sem sinais de trombose venosa profunda. Prescrito, analgesia e Diosmina+Hesperidina. No 13° dia pós parto, apresentou piora da dor, associado a sinais flogísticos local, além de dor abdominal e febre. Foi diagnosticado tromboflebite e iniciado Clexane. No 17° dia pós parto,evoluiu com piora da dor abdominal à direita e irradiação para região inguinal. Estava eupneica, abdome doloroso à palpação em hipocôndrio direito e útero indolor a palpação bimanual,cordão venoso inguinal sem alterações significativas em relação ao exame prévio. Solicitado ultrassonografia de abdome total que mostrou imagem tubular em topografia posterior ao cólon ascendente e com extremidade distal perihepática de calibre aumentado, sem fluxo ao Doppler, de origem indeterminada pelo método. Prosseguiu-se com tomografia de abdome, demonstrando veia ovariana direita com falha de enchimento pelo meio de contraste, calibre aumentado e realce parietal, inferindo trombose. Veias ectasiadas e tortuosas na parede da região inguinal direita, com material hipodenso no seu interior e realce parietal, inferindo tromboflebite.

Discussão

Com o aumento do volume uterino na gestação/puerpério, o apêndice sofre uma migração cranial e, por isso, nem sempre apresenta clínica e topografia clássicas. A ultrassonografia, método de escolha nesses casos, pode não ser suficiente para elucidação diagnóstica. O principal objetivo em realizar o diagnóstico diferencial com essa condição é reduzir o atraso no tratamento e as intervenções desnecessárias que chegam a 35% em comparação a não gestantes. O estado pró-trombótico na gestação/puerpério, favorece a formação de trombos e, devido aos achados de imagem, pode ser um importante diagnóstico diferencial.

Palavras Chave

Trombose, apendicite, complicação puerperal

Área

Radiologia Geral, D.O., Física, Contrastes, Proteção Radiológica

Instituições

Hospital Santa Isabel - Santa Catarina - Brasil

Autores

Julia Espindola Guimarães, Daniel Kracik da Silva, Fernanda Louise Sothe, Leonardo Bandeira de Andrade, Rafael Schossig Negreiros, Thiago Fachini Nogueira, Mateus Ciola Becker