Dados do Trabalho
Título
Pneumomediastino Espontâneo e Lesões Císticas Pulmonares na COVID-19: Relato de Caso
Introdução
O pneumomediastino espontâneo (PME), também denominado síndrome de Hamman, caracteriza-se pela presença de ar no compartimento mediastinal, não relacionada a trauma ou iatrogenia, decorrente primariamente da ruptura de alvéolos distendidos ou previamente lesados. A sintomatologia inclui dor torácica e/ou cervical, tosse, dispneia, disfagia e disfonia. Focos de enfisema subcutâneo podem acompanhar o quadro. Embora complicações graves, como pneumomediastino hipertensivo, possam ocorrer, essa condição normalmente é benigna e autolimitada, com manejo expectante. No contexto pandêmico, o PME é uma complicação rara da infecção respiratória causada pela COVID-19, com incidência estimada em 0,51% e associado a lesões císticas pulmonares, outro achado radiológico atípico dessa condição. Portanto, tais alterações devem ser sempre avaliadas, pois podem preceder complicações, como o pneumotórax e o pneumomediastino, especialmente em pneumopatas e tabagistas.
Descrição
Paciente masculino, 45 anos, hipertenso e diabético, história de tabagismo, internação clínica por 38 dias por quadro COVID-19, sem necessidade de ventilação mecânica. Realizaram-se três tomografias computadorizadas de tórax: a primeira evidenciou áreas de infiltração pulmonar em vidro fosco bilaterais e descontínuas com pequenas imagens císticas de permeio; a segunda, após 13 dias da primeira, demonstrou aumento na extensão das alterações do parênquima pulmonar e surgimento de volumoso pneumomediastino; e na terceira, 17 dias depois da segunda, observaram-se pequenos focos de pneumomediastino e de gás entre planos musculares e subcutâneos na parede torácica anterior, além de acometimento pulmonar extenso.
Discussão
O desenvolvimento do PME é explicado pelo efeito Macklin, quando, após uma lesão alveolar, o ar liberado do seu interior invade o mediastino guiado pela menor pressão perivascular e pelo ritmo respiratório. Ademais, relaciona-se a pneumopatias crônicas, ao esforço físico intenso e ao uso de drogas. Apesar da escassez de dados, observou-se que, em pacientes acometidos pela infecção por SARS-CoV-2, a ação de citocinas inflamatórias e a ventilação mecânica estão relacionados à ocorrência desta complicação. O tratamento ainda é controverso, mas as evidências convergem para o manejo das doenças de base e controle sintomático. Nesse sentido, devido ao mau prognóstico destes achados, é imprescindível reconhecê-los precocemente, a fim de prever intercorrências potencialmente fatais como o pneumomediastino hipertensivo.
Palavras Chave
Pneumomediastino; Lesões císticas; Tórax; Tomografia computadorizada; COVID-19.
Área
Tórax
Instituições
Universidade Federal do Pampa - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Luca Gonçalo Santos, Giordano Rafael Tronco Alves, Lucieli Dutra Jaques, Milene da Silva Antunes, Jonas Lattik Hickmann, José Roberto Missel Corrêa